O CANTADOR

Por: Antromsil

Em: 22/05/14

Imagem: baahzorzo.blogspot.com

clip_image002O Nordeste brasileiro sempre foi cenário das mais diversas manifestações populares já desde muito arraigadas entre o seu povo.

A figura do cantador -, hoje um elemento escasso devido ao próprio tempo inexorável nas suas determinações de mudanças bruscas, o advento de novas tecnologias e novas formas de diversão tem alterado significativamente os hábitos de todos nós, - ainda perdura entre as preferências dos mais velhos, mais resistentes à modernidade.

No meu tempo de criança era comum vê-se em qualquer data festiva cantadores em dupla ou mesmo sozinhos cantarem os seus versos nos mais diversos modos e motes conhecidos para a alegria de todos.

Porém, como costuma acontecer em todas as classes, além dos grandes e talentosos profissionais existiam (e ainda existem) de permeio aqueles com pouco ou nenhum conteúdo cultural, semianalfabetos ou totalmente iletrados, uns até com um certo talento, uma queda para o ofício, se assim nos podemos expressar.

Pois bem, houve numa certa época que não sei precisar por se tratar de estória que ouvi contar pelo Sr. Geraldo Ferreira, de alcunha Gerardo Mocó, um ferreiro daqui de Sobral, cuja idade é de aproximadamente 80 anos, apreciador de cantorias, que narrou-me o seguinte caso:

Certa feita, por ocasião de uma dessas cantorias, uma pessoa da plateia pediu o seguinte mote: Diz o velho Testamento.

Um dos cantadores da dupla que se apresentava naquele dia, Sr. José Limeira não se fez de rogado e prontamente, executou os acordes iniciais em sua viola e soltando a voz atendeu ao pedido do cidadão. Eis os versos:

Deodoro da Fonseca

foi marechal da Marinha

Vinte anos ele tinha

Quando ingressou num convento

Foi promovido a sagento

Mas tinha muita preguiça

Foi ser cabo de Puliça

Diz o Velho Testamento.

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