Chico Xavier

Aos quatro anos, Chico Xavier teve primeiro contato com os espíritos; na maturidade tornou-se o maior médium da história do Espiritismo brasileiro. Um resumo da emocionante história do homem que, ainda criança, se comunicava com espíritos e psicografava mensagens.
Pedro Leopoldo, pequena cidade em Minas Gerais, foi seu local de nascimento, no dia 2 de abril de 1910. Não teve vida fácil.
Seu pai, João Cândido Xavier, era caixeiro viajante e vendia bilhetes de loteria.
Aos quatro anos, teve a primeira comunicação com os espíritos. Certo dia, quando voltava da missa com os pais, subitamente, comentou que o aborto feito por uma vizinha havia sido involuntário. “Ela não teve culpa, foi acidental”, disse.
Surpresos, nem o pai, nem a mãe, lhe deram atenção. Mas Chico não desistiu e falou: “Pai, o homem me disse que foi uma gravidez tubária”. A partir daí, passou a ouvir vozes e ver vultos, uma rotina que passaria a acompanhar toda sua vida.
A mãe, Maria João de Deus, viria a falecer quando Chico completava cinco anos. Órfão de mãe, foi morar com a madrinha, dona Rita de Cássia, amiga da família. Mas ela o maltratava. Certa vez mandou Chico lamber as feridas do filho. Resignado, obedeceu. Ele costumava correr ao quintal da casa para se consolar com o espírito da mãe desencarnada.
Felizmente, seu pai casou-se de novo e Chico voltou a morar com a família. Sua madastra, na verdade uma “boadastra”, dona Cidália Baptista, tinha uma alma boa e caridosa.
Na adolescência começou a psicografar. Em 1927, decidiu afastar-se da Igreja Católica e aderiu ao espiritismo. Aos 22 anos, escreveu o polêmico “Parnaso de Além-Túmulo”, uma coletânea de poesias de escritores brasileiros e portugueses mortos.
Chico mudou-se para Uberaba em 1959, para poder trabalhar mais tranqüilo na divulgação doutrinária e em tarefas assistenciais, aliadas ao serviço de esclarecimento e reconforto, baseado no evangelho.
Sua obra, composta de 412 livros mediúnicos, vendeu mais de 30 milhões de cópias, com os direitos autorais tendo sido cedidos gratuitamente às editoras espíritas e instituições que assistiam aos pobres. Um dos livros foi o Best Seller “E a Vida continua...”, que serviu de tema para a novela “A Viagem”, da Rede Globo, que foi reprisada duas vezes.
Filas de repórteres, cinegrafistas, estudiosos e curiosos batiam em sua porta, em busca de cura ou conforto espiritual.
Apesar do reconhecimento, continuava a viver com extrema simplicidade. “Ele doava tudo a quem mais precisava”, diz a enfermeira Aparecida Conceição Ferreira, de 90 anos, fundadora do Hospital do Fogo Selvagem, em Uberaba.
Revoltada com o tratamento tradicional dedicado aos pacientes com fogo selvagem, moléstia de causas desconhecidas que vai esfoliando a pele aos poucos, a enfermeira começou a atender os doentes em casa.
Dona de energia vital impressionante, que tivemos a oportunidade de conhecer, Chico ficou impressionado com a história e decidiu ajudar. “Doou roupa de cama, remédio, comida e cobertores aos doentes”, lembra ela.
Chico fundou o Grupo Espírita da Prece e adotou um filho, chamado Eurípedes Higino dos Reis, hoje com 54 anos.
Seu filho inaugurou o Museu Chico Xavier, na residência onde o médium morou, por mais de 40 anos. Lá estão estátuas, imagens, a coleção de boinas, roupas, e o quarto simples onde Chico dormia, intacto.
Quanto ao seu desencarne, ele sempre disse que morreria em um dia que o Brasil estivesse muito feliz. Dito e feito. Faleceu aos 92 anos, dia 30 de junho de 2002, quando a seleção brasileira conquistou o pentacampeonato mundial de futebol, no Japão. À noite, perguntou o resultado da partida, sorriu e partiu para o plano espiritual. Foi velado na Casa da Prece e enterrado no Cemitério São João Batista, em Uberaba. Mas sua mensagem permanece viva.