HOMEM DE CORAGEM


Contou-me Paulo Dias um caso engraçado de assombração ocorrido em Morrinhos, há algum tempo atrás.

Numa roda de amigos que se divertiam num bar da periferia da cidade, bebericando e batendo papo, surgiu a idéia de um dos presentes em apostar quem teria coragem de ir até uma casa abandonada não muito distante dali, e trazer um dos tijolos dos escombros da vetusta habitação, porque esta tinha a fama de mal-assombrada.

É desnecessário dizer que nestes grupos de amigos tem sempre um mais atrevido, imprudente ou fanfarrão que os demais e enquanto um dizia que não ia, outro afirmava que não tinha coragem, eis que um destemido se propôs não a pegar um tijolo, mas, pediu um martelo, um prego e o sabão para untar o dito prego de modo a facilitar a sua introdução na madeira, pois, ele iria fincá-lo num batente existente no interior da casa. Já de posse dos aprestos seguiu ruma a tapera para realizar sua imprevidente façanha.

Na época, estava em corrente uso as calças de boca-de-sino e o personagem desse episódio usava uma delas no momento da sua demonstração de bravura.
Quando lá se encontrava, adentrou o recinto, dirigiu-se ao batente, sentou-se e procurou uma posição confortável para então iniciar a tarefa a que se determinou. Lá de onde estavam os seus companheiros dava pra ouvir as marteladas e estes diziam entre si que “o Fulano é mesmo um homem de coragem!”

Pouco depois, escuta-se o alarido do blasonador que gritava por socorro porque estava sendo segurado por uma alma qualquer, o que chamou a atenção não só dos amigos que o aguardavam, mas de todos que por ali passavam e ou habitavam, posto que não era tarde da noite.

A patota acorreu em seu socorro e o encontraram numa situação assaz lamentável, sentado no chão apoiando-se com uma das mãos e segurando a calça com a outra para não ficar nu, todo cagado tentando escapar do prego que fincara sobre a barra do embainhado da calça.

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