Cap. XII do livro Os 30 Papas que Envergonharam a Humanidade

Nesta postagem, estou mostrando o capítulo XII do livro Os 30 Papas que Envergonharam a Humanidade, de Jeovah Mendes, que mostra um episodio vergonhoso da historia do cristianismo.

Saliento que não tenho a intenção ferir suscetibilidades e nem denegrir a imagem de quem quer que seja, interessado apenas em mostrar o quanto o ser humano é capaz em sua ganância exacerbada, em praticas ainda hoje evidenciadas em nosso dia a dia pelos salafrários de plantão que vivem do terrível mister de espoliar, aplicar o conto do vigário, boa noite cinderela e outros golpes vis, aos homens simples, de boa fé e menos avisados, sem contar os que, de posse do poder, assim agem em detrimento do povo. Antromsil.

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“Capítulo XII

JOÃO XV

(de 985 a 996)

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Cobiçoso, ladrão e corrupto

clip_image004Com o fim trágico de Bonifácio VII nas mãos de seus inimigos, a Santa Igreja Católica e Romana passa a ser governada por um virtuoso seguidor de Mamon, em cuja personalidade combinavam-se, de modo admirável, a ambição de um Judas, a capacidade de aliciar de um Simão e a ausência de escrúpulos de um Al Capone... Este indigno Pontífice transformou o Vaticano num feudo privado, distribuindo as finanças da Igreja entre seus parentes e ganhando para si mesmo a reputação de ser "cobiçoso de lucro imundo, e corrupto em todos os seus atos".43

          No ano de 990, objetivando aumentar as receitas da Santa Sé, João XV comandou a venda de preciosas relíquias pertencentes a diversos ícones do cristianismo, começando por São José e seu equipamento de marcenaria — bem como os arreios que pertenceram ao jumentinho que conduziu a Virgem Maria e o menino Jesus ao Egito, pedaços de madeira do barco de pesca do apóstolo Pedro, restos de comida que alimentaram o pobre Lázaro (que comia das migalhas caídas da mesa de um rico), pedaços de pano da túnica de Jesus, dividida entre os soldados romanos, a cabeça de João Batista e, por último, uma pena da asa do Divino Espírito Santo... 44

          Depois de arrecadar quantias astronômicas com a venda das supostas relíquias de origem divina, o Papa João XV apossou-se de vários cemitérios antigos - dois deles bastante conhecidos dos romanos, o de Marcelino e o de Lucila — onde concentravam-se os restos mortais da maioria dos mártires imolados nas perseguições dos imperadores de Roma, de Nero a Galério. Utilizando os mesmos procedimentos de João XII, o imoral neto de Marózia (que decretara a venda de caveiras de supostos mártires cristãos), João XV também tirou vantagens materiais do povo que habitava aquela época de trevas e ignorância, amealhando fortunas para si e sua família.45

          Este Papa teve a petulância de cobrar de cada fiel daquele tempo um imposto sobre invocação ou mesmo intercessão dos santos, abocanhando outra grande fatia de proventos para os já abarrotados cofres de sua propriedade e de seus apaniguados (1. Protegido, favorito. 2. Sectário, partidário.) aliados. Tal procedimento dá-nos a entender que o Papa João XV tinha controle exclusivo sobre todos os santos do panteão católico, muitos deles de procedência duvidosa. Como grande parte dos santos do martirológio católico proveio da tradição oral dos antigos romanos, há possíveis falhas quanto a seus nomes e atributos divinos, sendo humanamente impossível, já naqueles obscuros tempos, determinar-se o nome exato de uma pessoa, quando tantas morriam, anonimamente, nas arenas.

          João XV, além de nepotista, (adepto do nepotismo=1. Autoridade que os sobrinhos e outros parentes do Papa exerciam na administração eclesiástica. 2. Favoritismo, patronato) era simoníaco, (Referente a simonia=1. Tráfico de coisas sagradas ou espirituais, tais como sacramentos, dignidades, benefícios eclesiásticos, etc. 2. Venda ilícita de coisas sagradas.) ou seja, dava os melhores empregos para os seus familiares e vendia cargos eclesiásticos e outros objetos supostamente sagrados como perdão dos pecados e passaporte para os céus. Em sua gestão pontifícia, o Vaticano consolidou-se em sólida empresa multinacional de arrecadação do pecúnio (pecúnia=dinheiro) sagrado, perdendo apenas para o poderio financeiro do duque Guilherme de Aquitânia - o mesmo que doou terras para a construção do Mosteiro de Cluny, no século X.

          Enquanto João XV acumulava tesouros e mais tesouros para si e para os seus, vários inimigos conspiravam diuturnamente para afastá-lo do Vaticano; foi enfim destronado no ano de 996.

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43 WOODROW, Ralph. Op.cit, p. 98.

44 ALMEIDA, Abrãao de. Op. c/f., pp. 80-6.

45 SCHAFF, David S. Nossa Crença e a de Nossos Pais, Imprensa Metodista, São Paulo, 1964, p. 446.”

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