Partículas que podem esfriar o planeta

Meio ambiente

Cientistas descobrem partículas que podem esfriar o planeta

Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/01/2012

Cientistas descobrem partículas que podem esfriar o planeta

Reator iluminado por um laser ultravioleta. As moléculas saindo por um poro na lateral do reator são amostradas em um espectrômetro de massa por fotoionização através do pequeno cone no centro. A imagem está "deitada" em relação ao experimento original. [Imagem: David L. Osborn]

Bi-radical de Criegee

Cientistas conseguiram estudar em laboratório pela primeira vez um conjunto de compostos químicos que desempenha um papel essencial na regulação do clima na Terra.

São compostos intermediários em reações químicas importantes para a manutenção da temperatura do planeta, o que abre a possibilidade de contra-atacar o aquecimento global.

Conhecidos como intermediários de Criegee, ou bi-radicais de Criegee, são essencialmente óxidos do grupo carbonila.

Esses intermediários químicos invisíveis são oxidantes poderosos de poluentes como o dióxido de nitrogênio, óxido nítrico e o dióxido de enxofre, produzidos pela combustão.

Isso lhes dá a capacidade para limpar a atmosfera de forma natural.

Embora a existência desses intermediários químicos tenha sido teorizada por Rudolf Criegee em 1950, só agora eles foram detectados experimentalmente.

Os cientistas agora acreditam que, com novas pesquisas, estes químicos poderão desempenhar um papel essencial no enfrentamento das mudanças climáticas.

Intermediário rápido

A detecção do intermediário de Criegee, juntamente com a medição da velocidade com que ele reage, foi possível graças a um aparelho único, projetado por pesquisadores dos Laboratórios Sandia, nos Estados Unidos, que usa a luz de uma instalação de luz síncrotron de terceira geração.

A luz intensa e ajustável do síncrotron permitiu aos pesquisadores distinguir a formação e a remoção de diferentes espécies isoméricas - moléculas que contêm os mesmos átomos, mas dispostos em combinações diferentes.

Os pesquisadores descobriram que o bi-radical de Criegee reage muito mais rapidamente do que se pensava, acelerando a formação de sulfatos e nitratos na atmosfera.

Por sua vez, estes compostos levam à formação de aerossóis e, finalmente, à formação de nuvens, com potencial para esfriar o planeta.

Essa velocidade inesperada de reação significa que o intermediário de Criegee desempenha um papel relevante em processos como a formações de aerossóis inorgânicos e a chuva ácido.

Processos naturais

"Nossos resultados terão um impacto significativo na nossa compreensão da capacidade oxidante da atmosfera, com amplas implicações para [os estudos da] poluição e da mudança climática," afirmou o Dr. Carl Percival, da Universidade de Manchester, um dos autores do estudo.

Segundo ele, os resultados abrem um novo horizonte de pesquisas sobre um elemento de altíssimo impacto sobre o clima.

"A principal fonte desses bi-radicais de Criegee não depende de luz solar, de forma que estes processos ocorrem dia e noite," afirmou ele.

"Um ingrediente importante para a produção dos bi-radicais de Criegee vem de substâncias químicas liberadas naturalmente pelas plantas. Desta forma, os ecossistemas naturais poderiam desempenhar um papel importante no enfrentamento do aquecimento [global]," afirmou o professor Dudley Shallcross, da Universidade de Bristol, outro membro da equipe.

Nos últimos 100 anos, a temperatura média da superfície da Terra aumentou cerca de 0,8° C - cerca de dois terços desse aumento ocorreu nas últimas três décadas.

A maioria dos países concorda que são necessários cortes drásticos nas emissões de gases de efeito estufa, e que o aquecimento global futuro deve ser limitado a menos de 2° C.

Bibliografia:

Direct Kinetic Measurements of Criegee Intermediate (CH2OO) Formed by Reaction of CH2I with O2
Oliver Welz, John D. Savee, David L. Osborn, Subith S. Vasu, Carl J. Percival, Dudley E. Shallcross, Craig A. Taatjes
Science
13 January 2012
Vol.: 335 - pp. 204 - 207
DOI: 10.1126/science.1213229

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