DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
Um texto de antromsil
Em pleno século XXI ainda cultivamos hábitos medievais, costumes bárbaros e um comportamento pra lá de grosseiro.
Somos imperfeitos sim, mas maduros suficientes para assimilar novas práticas salutares de civilização como a urbanidade, por exemplo. Errar é humano, entretanto, permanecer errando é burrice e não mais adianta usar este chavão como desculpa. Os tempos são outros e precisamos nos adaptar a eles.
Aqui em Sobral o tratamento policial dado a algumas pessoas é completamente diferente daquele dispensado a outras, quando deveria ser igual para todos, senão vejamos alguns casos:
Uns podem, dentre outros abusos, extrapolarem o limite permitido do volume dos seus equipamentos sonoros pelas ruas da cidade, até mesmo em horários de repouso e nunca são incomodados pela fiscalização da Guarda Municipal ou pelas Polícias. Outros, por sua vez, utilizam seus veículos, principalmente motos, com descarga intencionalmente adulterada, livre ou com defeito fazendo incômodo barulho por onde passam, mas, também não são punidos.
Por outro lado, existe uma determinação para que alguns eventos, como as populares serestas, somente se estendam até às 2:00h da madrugada, - possivelmente o horário ideal para encerrar tais festividade, - o que, diga-se de passagem, é fielmente cumprido e ai daquele que se atreva a desobedecer tais resoluções, porque, ao se aproximar do horário, certamente três viaturas, sendo uma da Policia Civil, uma da Patrulha e outra do Ronda do Quarteirão, dificilmente deixam de marcar presença no local neste horário, como costuma acontecer.
Até aí, tudo bem, se é pra acabar, que se compram as ordens emanadas da autoridade policial. O que não se aceita passivamente é o tratamento dispensado por alguns policiais aos promoventes dos eventos que são, por assim dizer, forçados sob insistentes ameaças a fechar com urgência os seus estabelecimentos.
Ora, o cidadão que se dispõe a fazer um evento desses, paga, além dos impostos de praxe, uma licença na prefeitura, salvo engano, outra na delegacia, sem contar com despesas adicionais com segurança, etc. Ao final do acontecimento tem que recolher mesas, cadeiras, gradis e outros utensílios e guardá-los; tem que prestar contas com garçons, segurança particular e ajudantes; deve ainda, por determinação da Prefeitura, efetuar a limpeza do local. Estes são trabalhos que demandam tempo, não se pode simplesmente amontoar as coisas umas sobre as outras, desordenadamente.
Agora imaginem senhores, a pressão psicológica sofrida por quem passa por tal constrangimento, de estar sendo humilhado em seu próprio estabelecimento, tratamento semelhante àquele imposto ao escravo e às vítimas porões da ditadura, coisa que há muito deveria constar apenas dos arquivos do nosso passado histórico. E não se trata de exagero, porque eu conheço de perto, pois, fui e ainda sou policial, hoje aposentado. Sei também que do meu tempo pra cá, pouca coisa mudou.
E tem mais. Existem alguns estabelecimentos em determinados locais da cidade que são imunes a essas determinações, posto que viram a noite até o raiar do dia, com seus comércios abertos e vendendo bebidas alcoólicas. Nada contra, até porque todos precisam ganhar o pão de cada dia. O que se pergunta é por que somente uns poucos podem ser favorecidos em detrimento dos outros, que são maioria? Por que a ordem natural das coisas é assim invertida? Qual o critério?
Vê-se então, que tem alguma coisa que não se encaixa porque as leis são feitas pra todos ou eu estou enganado? Se é permitido a um comerciante permanecer aberto ao público sem restrições, enquanto o outro tem horário certo pra fechar, este pode e aquele que embora venda as mesmas mercadorias, não pode. Dá pra entender?
Só resta então àqueles que se sentem prejudicados apelar às autoridades competentes para que se disponham a apurar a veracidade da denúncia e tomar as providências cabíveis para corrigir as discrepâncias existentes, de modo a equilibrar o fiel da balança da equidade.
Antromsil (Ant. Romão Silva)
Postar um comentário