EVANGELHOS APÓCRIFOS

"O PROTO-EVANGELHO DE TIAGO

INTRODUÇÃO

Este "Proto-Evangelho de Tiago", também conhecido como "Livro de Tiago" ou, ainda, "A Natividade de Maria", tem sua autoria atualmente tida como desconhecida, embora o autor se identifique como Tiago, provavelmente para oferecer um certo grau de credibilidade ao seu escrito. Trata-se de um texto chamado de apócrifo, não incluído pela Igreja no Cânon das Escrituras autênticas e divinamente, que até hoje não foi explicado adequadamente. Se inspirados ou não, são relatos dos primeiros tempos do Cristianismo, importantes para quem deseja conhecer a fundo essa religião. Os críticos, porém, não concordam que esta obra tenha como autor um judeu em virtude do desconhecimento que o autor parece ter da religião judaica.
A data de composição é tão discutida quanto a sua autoria, variando de 60 dC até o fins do séc. II. Boa parte dos estudiosos crê que a obra tenha surgido antes mesmo dos Evangelhos canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João inspiradas (servindo, em muitos aspectos, como base para estes), motivo pelo qual, a partir do séc. XVI, passaram a chamar a obra de "Proto-Evangelho", isto é, "primeiro Evangelho".

Seja como for, o fato é que teve grande estima entre os primeiros cristãos, incluindo grandes
figuras eclesiásticas como Clemente de Alexandria, Orígenes, São Justino e Santo Epifânio.
Também notável foi sua contribuição para a Mariologia e a liturgia da Igreja.

A obra seinicia com o nascimento de Maria Santíssima, sua consagração no Templo, o casamento com José, a concepção de Jesus, a visita dos Reis Magos e a perseguição e matança das crianças inocentes.

Alguns pontos chamam a atenção:

• os nomes dos pais de Maria: Joaquim e Ana; esta é estéril;
• Maria é consagrada ao Templo aos 3 anos de idade e lá fica até completar os 12 anos;
• José é então escolhido para ser o esposo de Maria, por ser viúvo, embora fosse velho e tivesse seis filhos: Judas, Josetos, Tiago, Simão, Lígia e Lídia (cf. Mc 6,3 e paralelos);
• a anunciação feita por Gabriel é extremamente semelhante ao que lemos em Mateus e Lucas, embora possua maior riqueza de detalhes; o mesmo se pode dizer do episódio em que Maria
visita sua parente Isabel;
• em virtude de sua gravidez inesperada, é interpelada, juntamente com José, pelos representantes do Templo;
• indo para Belém, terra de José, por ocasião do censo, Maria vem dar à luz ao seu Filho em uma caverna e uma parteira é chamada para os serviços de parto; para espanto da parteira, Maria permanece virgem mesmo após o parto de Jesus;
• a visita dos Magos também segue próxima ao Evangelho de Mateus;
• por fim, quando Herodes manda matar as crianças, Zacarias, pai de João Batista, é assassinado no Templo, acusado de ter escondido seu filho, que também contava com poucos meses de idade.
Estes textos retratam os acontecimentos que precederam o nascimento de Cristo, contando a história de Maria e da natividade.
I

Segundo narram as memórias das doze tribos de Israel, havia um homem muito rico, de nome Joaquim, que fazia suas oferendas em quantidade dobrada, dizendo:
- O que sobra, ofereça-o para todo o povoado e o devido na expiação de meus pecados será para o Senhor, a fim de ganhar-lhe as boas graças.
Chegou a grande festa do Senhor, na qual os filhos de Israel devem oferecer seus donativos.
Rubem se pôs à frente de Joaquim, dizendo-lhe:
- Não te é lícito oferecer tuas dádivas, enquanto não tiveres gerado um rebento em Israel.
Joaquim mortificou-se tanto que se dirigiu aos arquivos de Israel, com intenção de consultar o censo genealógico e verificar se, porventura, teria sido ele o único que não havia tido prosperidade em seu povoado.
Examinando os pergaminhos, constatou que todos os justos haviam gerado descendentes.
Lembrou-se, por exemplo, de como o Senhor deu Isaac ao patriarca Abraão, em seus derradeiros anos de vida.
Joaquim ficou muito atormentado, não procurou sua mulher e se retirou para o deserto. Ali armou sua tenda e jejuou por quarenta dias e quarenta noites, dizendo:
- Não sairei daqui nem sequer para comer ou beber, até que não me visite o Senhor meu Deus. Que minhas preces me sirvam de comida e de bebida.

II

Ana lamentava-se e gemia dolorosamente, dizendo:
- Chorarei minha viuvez e minha esterilidade.
Chegou, porém, a grande festa do Senhor e disse-lhe Judite, sua criada:
- Até quando vais humilhar tua alma? Já é chegada a festa maior e não te é lícito entristecer-te.
Toma este lenço de cabeça, que me foi dado pela dona da tecelagem, já que não posso cingir-me com ele por ser eu de condição servil e levar ele ao selo real.
Disse Ana:
- Afasta-te de mim, pois que não fiz tal coisa e, além do mais, o Senhor já me humilhou em demasia para que eu o use. A não ser que algum malfeitor o haja dado e tenhas vindo para fazer-me também cúmplice do pecado.
Replicou Judite:
- Que motivo tenho eu para maldizer-te, se o Senhor já te amaldiçoou não te dando fruto de Israel?
Ana, ainda que profundamente triste, despiu suas vestes de luto, cingiu-se com um toucado, vestiu suas roupas de bodas e desceu, na hora nona, ao jardim para passear. Ali viu um loureiro, assentou-se à sua sombra e orou ao Senhor, dizendo:
- Ó Deus de nossos pais! Ouve-me e bendize-me da maneira que bendisseste o ventre de Sara, dando-lhe como filho Isaac!

III

Tendo elevado seus olhos aos céus, viu um ninho de passarinhos no loureiro e novamente lamentou-se dizendo:
- Ai de mim! Por que nasci e em que hora fui concebida? Vim ao mundo para ser como terra maldita entre os filhos de Israel. Estes me cumularam de injúrias e me escorraçaram do templo de Deus. Ai de mim! A quem me assemelho eu? Não às aves do céu, pois elas são fecundas em tua presença, Senhor. Ai de mim! A quem me pareço eu? Não às bestas da terra, pois que até esses animais irracionais são prolíficos ante teus olhos, Senhor. Ai de mim! A quem me posso comparar? Nem sequer a estas águas, porque até elas são férteis diante de ti, Senhor. Ai de mim!
A quem me igualo eu? Nem sequer a esta terra, porque ela também é fecundada, dando seus frutos na ocasião própria e te bendiz, Senhor.
IV
Eis que se lhe apresentou o anjo de Deus, dizendo-lhe:
- Ana, Ana, o Senhor escutou teus rogos! Conceberás e darás à luz e de tua prole se falará em todo o mundo.
Ana respondeu:
- Viva o Senhor meu Deus, que, se chegar a ter algum fruto de bênção, seja menino ou menina, levá-lo-ei como oferenda ao Senhor e estará a seu serviço todos os dias de sua vida.
Então vieram a ela dois mensageiros com este recado:
- Joaquim, teu marido, está de volta com seus rebanhos, pois que um anjo de Deus desceu até ele e lhe disse que o Senhor escutou seus rogos e que Ana, sua mulher, vai conceber em seu ventre.
Tendo saído Joaquim, mandou que seus pastores lhe trouxessem dez ovelhas sem mancha.
Disse ele:
- Estas serão para o Senhor.
Mandou, então separar doze novilhas de leite, dizendo:
- Estas serão para os sacerdotes e para o sinédrio.
Finalmente, mandou apartar cem cabritos para todo o povoado.
Ao chegar Joaquim com seus rebanhos, estava Ana à porta e, ao vê-lo chegar, pôs-se a correr e atirou-se ao seu pescoço dizendo:
- Agora vejo que Deus me bendisse copiosamente, pois, sendo viúva, deixo de sê-lo e, sendo estéril, vou conceber em meu ventre.
Então Joaquim repousou naquele dia em sua casa." (...)
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INQUISIÇÃO (O Início da Santa Inquisição) – parte 4

A Inquisição no Brasil

A história do Brasil, como a de outras nações está cheia de mitos e mentiras. Um desses mitos, no qual os brasileiros acreditaram durante gerações, foi de que não houve ação inquisitorial nem política racista no Brasil. Hoje sabemos que a Inquisição interferiu profundamente na vida colonial durante mais de dois séculos, atingiu as regiões mais distantes e perseguiu portugueses residentes no Brasil e brasileiros natos, do Amazonas até a colônia do Sacramento, e as leis racistas estão textualmente registradas na legislação portuguesas.

Inicialmente o trabalho árduo, com poucas recompensas imediatas, o perigo das viagens, a hostilidade dos índios, as doenças foram fatores que não estimularam a vinda de portugueses. Dom Manuel não sabendo o quê fazer com o Brasil, arrendou-o a um grupo de mercadores cristãos-novos, que foram os primeiros a explorar o país economicamente.

O regimento trazido por Tomé de Souza era bastante maleável e a vida familiar na colônia decorria sem interferência das autoridades nos comportamentos nem nos credos religiosos. Temos notícias de cristãos-novos que praticavam livremente o judaísmo em São Vicente na Primeira metade do século XVI.

Quando Felipe Segundo da Espanha incluiu Portugal entre seus domínios, em 1850, reforçou por razões políticas o tribunal da Inquisição, e a perseguição às heresias também se intensificou. As denúncias sobre as infrações religiosas na colônia chegavam ininterruptamente aos ouvidos dos inquisidores, assim como as notícias sobre a riqueza dos colonos. Agentes inquisitoriais foram enviados para o Brasil, visitadores, comissários e familiares, para investigar, prender os suspeitos de heresias. Perante o visitador são apresentadas as mais variadas heresias, feitiçarias, bruxarias, sodomia, bigamia, blasfêmias, desacatos, e os crimes de religião: judaísmo, luteranismo

Em 1593, terminando o seu trabalho na Bahia, o visitador passou para Pernambuco, onde recebeu as confissões e denunciações dos moradores. Aparecem mencionadas 62 pessoas, das quais 51 homens e 11 mulheres. Confessaram as seguintes culpas: blasfêmia 40, sodomia 6, bigamia 3, práticas judaizantes 4 e práticas luteranas 8.

Em 1618, a Inquisição mandou novamente um visitador para a Bahia. Compareceram perante ele no tempo da Graça 55 confidentes, a maioria era nascida em Portugal e tinham as mais diversas profissões. Confessaram: culpas de adultério 2, blasfêmia 12, comer carne na quaresma 2, comer antes da confissão 1, concordar com a prostituição 1, desacatar a missa 1, não fazer a comunhão 6, feitiçaria 5, heresia 2, judaísmo 5, ler livros proibidos 1, não deixar a mulher confessar 1, sodomia 13, culpa não declarada 1, e testemunhas de heresia 2. Em 1620 no segundo tempo da Graça, compareceram 7 confidentes, 6 homens e 1 mulher, cinco cristãos-velhos e dois cristãos-novos. Confessaram sodomia 3, feitiçaria 1, quebrar o juramento 1, blasfêmia 1, negar a validade de auto-de-fé 1. Trinta e sete denunciantes apresentaram-se nesse mesmo período na Bahia, 36 homens e 1 mulher. Os crimes denunciados foram: blasfêmia 6, adultérios 2, heresia 5, judaísmo 19, ler livros proibidos 3, sodomia 6, falar mal do Santo Ofício 1.

O provincial da Companhia de Jesus foi responsabilizado por uma Inquirição, mas se encontrando ausente foi auxiliado pelo clero local, que inquiriu 120 testemunhas, que denunciaram 85 judaizantes, 18 feiticeiros (4 homens e 14 mulheres) e 16 sometigos. Dos denunciados nessas visitações e inquirições, muitos foram presos. Alguns foram queimados, os judaizantes receberam principalmente a sentença de cárcere e hábito penitencial perpétuo, e os restantes, penas mais leves. A maior parte dos hereges brasileiros penitenciados no século XVII era da Bahia, então capital da colônia.

O auge de perseguições inquisitoriais no Brasil deu-se na primeira metade do século XVIII, quando a produção do ouro, dominava a economia colonial.

Na Paraíba, por exemplo, havia uma importante comunidade cristo-judia, constituída principalmente de haviadores de cana. Entre 1729 e 1736 a Inquisição prendeu 48 pessoas, que foram processadas em Lisboa, sendo uma das mulheres, Guiomar Nunes, queimada.

Interessante que praticamente a metade dos prisioneiros brasileiros critãos-novos no século XVIII era de mulheres, que representaram um importante papel na transmissão da heresia.

Investidas contínuas foram feitas pela Inquisição no correr do século, também em outras regiões menos prósperas. Como no Maranhão, em 1731 e no Pará, em 1763, houve uma visitação em que também sobressaíram as feitiçarias, blasfemos, curandeiros, sodomitas, bígamos, sendo ao todo implicados 485 pessoas.

Fenômeno curioso no Brasil foi o elevado número de membros do clero presos pela Inquisição. Podemos dizer que há uma longa tradição herética entre o clero brasileiro, que remonta aos tempos coloniais.

Espírito do Santo Ofício da Inquisição Continua

O Santo Ofício da Inquisição, que queimou Giordano Bruno e perseguiu Galil, denomina-se, hoje Sagrada Congregação para a doutrina da fé. Esta congregação tem acusado como hereges, advertido e punido numerosos teólogos contemporâneos, que têm questionado diferentes aspectos da doutrina católica e a infalibilidade da Igreja.

Os princípios teólogos ultimamente acusados de heresia foram: Edward Schillebeeckx, professor de teologia da Universidade Católica Nijmaegen, Holanda, e Hans Kung, professor de Dogma e Teologia Ecumênica da Universidade do Estado, Tubigen, Alemanha Ocidental.

Desde 1957 Hans Kung está em choque com o Vaticano, por ter posto em dúvida a inefabilidade da Igreja e criticado a debilidade da doutrina papal sobre o controle da natalidade. Chamado a Roma em 1971, para justificar as suas idéias, respondeu que só iria se pudesse ver todo o seu processo e escolher seus próprios advogados. A congregação recusou-se. Nessa atitude vemos a repetição do procedimento da Inquisição ibérica, onde os réus não tinham conhecimento do seu processo e os únicos advogados admitidos eram homens internos da Inquisição. Kung também foi punido por dizer que a ressurreição não podia ser um acontecimento histórico, a virgindade de Maria era uma lenda, que não se devia identificar Jesus com Deus e que Jesus nunca se intitulou Messias. O próprio papa João Paulo II, em 18 de dezembro de 1979, declarou que Hans Kung, nos seus escritos, afastou-se da verdade integral da fé católica e portanto não podia mais ser considerado um teólogo católico, nem atuar como tal num papel de professor.

Os pensadores religiosos estão divididos hoje, como estiveram divididos durante a Inquisição Ibérica

Considerações Finais

Por tudo que foi visto, podemos verificar as maldades feitas pela Inquisição. Como exemplo dessas maldades podemos citar as caças aos hereges (principalmente judeus, árabes, muçulmanos, negros), não podia ter outra religião que não fosse o catolicismo, eram presos, torturados, flagelados e principalmente queimados vivos em praça. Mas, a pior dor deixada pela Inquisição foi o empobrecimento cultural e econômico, que foram absorvidas por Portugal e Espanha, pois não puderam praticar estudos sobre física, biologia, medicina, agricultura, matemática. Já economicamente a burguesia, estava muito bem, por causa do desenvolvimento do capitalismo comercial que crescia cheio de dinamismo e criatividade, foi castrada pela Inquisição e pelo Estado. Conseqüentemente, isso também afetou o Brasil, pois naquele tempo o mesmo era colônia de Portugal e seguia todas as normas estabelecidas pela Inquisição.

A Inquisição durante muitos séculos conseguiu manter com a união da política e da religião, através de meios burocráticos o poder sobre as pessoas para não o livre arbítrio do pensamento na forma de estudos, críticas, descobertas, questionamento e religião.

A Ordem DeMolay é bela, grandiosa e abraça todo o mundo porque nela não existe distinção de cor, religião, política, classe social e nela também existe o respeito cultural e de pensamento.

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MATERIAL ESCOLAR

clip_image005Logo no princípio do ano, ocasião em que temos a maior leva de compromissos a cumprir e quando as nossas escassas reservas estão exauridas por conta das festas de fins de ano como Natal e Reveillon, temos que nos dispor a enfrentar uma maratona à cata do material escolar dos nossos rebentos se não quisermos incorrer no erro de criá-los ignaros.

É um corre-corre frenético de pais e mães de família na estafante busca por melhores preços e melhores condições de pagamento na seleção do material escolar de seus filhos, visto que os preços praticados pelo setor são sempre reajustados nesta passagem do ano.

Mas não é tarefa fácil encontrar preços que se encaixilhem nos seus parcos orçamentos, pois, sempre encontra óbices que lhe tolhem a escolha de todo o material necessário, tendo às vezes que abrir mão de alguns itens constantes da lista, não pelo fato de serem dispensáveis, mas por falta de dinheiro mesmo.

A coisa fica mais complicada quando a criança é impertinente e acompanha os pais na escolha do material, exigindo aquilo que está do seu gosto, mas que custa mais caro, azucrinando a paciência destes a ponto de os deixarem com os nervos em pandarecos.

Se pelo menos tivéssemos reajustes condizentes com a realidade em que vivemos, que fosse capaz de satisfazer todas as nossas reais necessidades, aquelas indispensáveis e que não podem ser consideradas supérfluas, seria muito bom.

Então eu conjeturo, quando será que as autoridades em educação tomarão medidas decisivas no sentido de dar melhores condições ao ensino público, com escolas de qualidade, onde o aluno tenha um aproveitamento ideal e o corpo docente seja honrosamente remunerado, escolas que sejam confiáveis, que não deixem margem para especulações? Quando irão disciplinar o funcionamento das escolas particulares que ditam as suas próprias regras em detrimento de todo um contingente de usuários que querem dar um ensino melhor a seus filhos; que reajustam abusivamente suas mensalidades e exigem coisas absurdas com cláusulas leoninas nas entrelinhas de seus contratos?

O que é solicitado hoje pelas escolas particulares é um disparate porque querem se eximir de suas próprias responsabilidades chegando a incluir na lista coisas que não tem nada a ver com o aprendizado do aluno, como por exemplo, lápis, borracha e caderno para crianças do maternal, papel higiênico, palitos para churrasco, copos descartáveis, álcool, material de limpeza a até prendedores de roupa dentre outros.

Alguns itens da lista nunca chegam a ser usados em sala de aula ou em qualquer situação, como já pude constatar e, como se não bastasse, durante o ano letivo todo mês tem festa ou data comemorativa para as quais os pais são obrigados contribuir. Pode? Não, mas acontece.

Pelo andar da carruagem ainda vai demorar um bom tempo para que minhas elucubrações se tornem realidade.

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BODE EXPIATÓRIO

Existem algumas coisas que nos tiram o sério, por mais equilibrados emocionalmente que sejamos e por mais esforço que façamos para manter a calma.

Alguns setores da imprensa - e principalmente a rede globo -, sempre que noticiam em seus veículos algum tipo de gasto excessivo por parte do governo, colocam em evidência as despesas feitas com o pagamento ou reajuste dos funcionários públicos, deixando transparecer que eles, com sua visão caótica e estrábica de lobrigar as reais causas, não nos vêem com bons olhos.

O funcionário público, que por eles é apontado como causa primária dos problemas de caixa do governo, é um trabalhador como outro qualquer, tão necessário quanto os demais porque a máquina administrativa da nação carece de mão-de-obra para servir ao público e por mais avançado tecnologicamente que o País esteja ainda não dispõe de robôs que os substituam em suas funções.

O funcionário público não pode ser inculpado pelos desmandos governamentais, pela má gerência dos responsáveis pelo dinheiro arrecadado pelo erário, cujo montante é composto de expressiva parcela de impostos paga pelos funcionários públicos. Diferente de outras categorias de trabalhadores, o funcionário já recebe seu salário com os descontos do imposto de renda ou outros tributos que por acaso venha a incidir, efetuados em seu contracheque, não havendo como sonegar. Todo imposto pago pelo trabalhador comum é também feito pelo funcionário público, que como este, tem família, filhos para educar, despesas a liquidar e compromissos a honrar.

O pior cego é aquele que não quer ver e esse tipo de gente é bastante comum entre nós, pois, indivíduos desse jaez são encontrados em todas as classes sociais, sendo que aí se enquadram aqueles que nos acusam de onerar os cofres públicos. Não enxergam, melhor dizendo, não querem bispar os verdadeiros responsáveis pelos defraudes, os espoliadores dos haveres do povo, personificados como lobos em velocino, os quais nem são mencionados em seus artigos.

Se vê então, a cada anúncio de reajuste para o servidor público a imolação deste, qual bode expiatório, para reparação dos pecados daqueles que deveriam ser de fato responsabilizados.

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INQUISIÇÃO - (O Início da Santa Inquisição) - Parte 3

"Santo Ofício da Inquisição em Portugal


Os portugueses de origem judaica perseguidos pela Inquisição espalharam-se pelos quatro cantos do mundo, levando seus costumes, religião, língua, alimentação, folclore, literatura, que preservaram durante séculos.

Pressionado politicamente, o sumo pontífice deixou-se convencer, e em 22 de agosto de 1681 o tribunal português reiniciou suas atividades. Desde então se intensificaram as perseguições e se realizaram autos-de-fé praticamente todos os anos.

Na revolução da Catalunha, em 1640 o próprio inquisidor sugeriu que o tribunal iniciasse um processo contra os rebeldes, e na guerra de Sucessão 1702 - 1714 a Inquisição ameaçou de censuras eclesiásticas os culpados de opiniões contrárias.

No que diz respeito a Inquisição portuguesa, sua implantação política também se revelou bem clara desde o seu estabelecimento. Quando o tribunal da Inquisição portuguesa entrou em funcionamento regular, as forças políticas e espirituais da nação estavam unidas: rei e inquisidor eram a mesma pessoa.

Apesar de todo o aparato religioso e da auréola divina com que o tribunal da Inquisição se revestiu apesar das funções "santas" que alegou, foi uma instituição vinculada ao Estado. Respondeu dos interesses das facções do poder: coroa, nobreza e clero. Infelizmente, depois da metade do século XVII, não temos monografias nem pesquisas suficientes sobre suas atividades comerciais em outras regiões, para podermos precisar a medida de sua importância no mundo financeiro europeu e internacional.

A Inquisição sempre esteve na pista dos homens de negócio. Para isto contava com um séquito de funcionários que atuavam como espiões, trazendo informações e denúncias de portugueses residentes nas colônias, na Holanda, em Hamburgo, na Itália, na França, em Londres, etc.

A limitação dos direitos dos descendentes de convertidos através da aplicação dos estatutos de pureza de sangue também foi uma tentativa da nobreza feudal de eliminar uma parte da burguesia os cristãos-novos que tinham criado força e aspiravam o domínio sobre o Estado. A Inquisição era uma ameaça permanente e servia-se de todos os pretextos para confiscar e perseguir os homens de negócios cristãos-novos. Durante a união com a Espanha a burguesia portuguesa enriqueceu e os cristãos-novos tiveram atuação importante como financistas da coroa espanhola. Depois de 1640 sofreu um declínio, e os estrangeiros ingleses, holandeses, alemães, franceses, estabelecidos em Lisboa e protegidos por diversos tratados, deram golpe mortal nos comerciantes nacionais.

Nesta época dois fatos interferiram no funcionamento da Inquisição portuguesa que levaram ao pronunciamento do Papa; um texto divulgado clandestinamente, e intitulado Notícias Recônditas, escrito por um notário da Inquisição, que delata os métodos, as injustiças, os crimes praticados pela Inquisição em Portugal, e a interferência de um jesuíta, o Padre Antônio Vieira, que, quando em Roma, ajudou a desmascarar a dita "cristianíssima e santa Inquisição".

Um suspeito podia ser preso a qualquer momento, sem saber o que se queria dele. Nunca ficava conhecendo o nome de quem o acusou, nem lhe era comunicado o motivo da prisão, nem o lugar em que havia cometido o crime de que era acusado, nem com que havia pecado. Com o tempo a Inquisição introduziu uma farsa, um advogado de defesa, mas este não podia examinar o processo, era escolhido pelos Inquisidores, sendo um funcionário do Tribunal.

Métodos de Ação do Tribunal

O Tribunal da Inquisição orientava-se, como já dissemos, por um Regimento Interno, onde estavam sistematizados as leis, jurisprudência, ordens e prazos a serem seguidos.

Os crimes julgados pelo Tribunal eram de duas naturezas: contra a fé, como judaísmo, protestantismo, luteranismo, deísmo, libertinismo, molinismo, maometismo, blasfêmias, desacatos, críticas aos dogmas; e contra a moral e os costumes, como bigamia, sodomia, feitiçaria etc, com toda sua série de modalidades, e que se misturavam com o campo religioso.
Os crimes contra a fé eram considerados mais graves do que os crimes contra os costumes e a moral, e as suas penas eram muito mais severas. Os réus acusados de crime contra a fé tinham quase sempre seus bens confiscados, enquanto os infratores dos costumes recebiam sentenças leves e raramente pena de morte.
A base sob a qual se apoiava a Inquisição era a denúncia. Aceitavam-se denúncias de qualquer categoria de pessoas e mesmo cartas anônimas. O crédito das testemunhas dependia exclusivamente do arbítrio dos inquisidores. "Ouvir dizer" e "suposições" também eram considerados provas.

Quando um indivíduo era denunciado, um funcionário da Inquisição ia a sua casa, acompanhado pelo juiz do fisco, que seqüestrava tudo que o suspeito possuía, antes mesmo de ter provas de sua culpa. Depois de prendê-lo, passava ferros e trancas nas portas da casa e ninguém mais podia entrar a não ser os funcionários da Inquisição. A família ficava na rua, sem abrigo, as crianças à mercê da caridade dos vizinhos, esperando que alguém as socorresse. Muitas vezes os filhos jamais reviam seus pais e famílias ficavam para sempre separadas, como aconteceram tantas vezes com os presos no Brasil. Outras vezes, a Inquisição mandava que se arrasasse a casa em que haviam morado o herege e sua família, para que não ficasse dele um sinal sobre a terra. Os descendentes de um penitenciado pela Inquisição eram considerados infames por várias gerações e impedidos de qualquer participação na sociedade.

Todo réu, para salvar-se, tinha de confessar-se culpado, e acusar as pessoas de sua intimidade: pais, irmãos, parentes, amigos. Se não denunciasse a família era considerado diminuto, isto é, estava escondendo culpados. Caso não mencionasse todos os nomes, a confissão era considerada incompleta. Nesse caso, mandavam-no para a câmara de tortura. Confuso, no desespero de querer salvar-se, o réu prometia denunciar mais, e acusava todas as pessoas que conhecia: amigos de infância, pais, filhos, irmãos, parentes etc. Uma testemunha era suficiente para justificar o envio para câmara do tormento. Quanto mais débil a evidência do crime, mais severa era a tortura. Em Lisboa se retalhavam, as plantas dos pés dos réus, untavam-se de manteiga e em seguida os submetiam ao calor de braseiro. O Regimento de 1640 estabeleceu dois tipos de tortura: o potro, uma espécie de cama de ripas onde o réu era amarrado pelos pulsos e pernas e, ao aperta-se um arrocho, cortavam-se-lhe as carnes; e, a polé, quando o réu era suspenso no teto pelos pés, deixando-o cair em seguida, sem tocar o chão. No potro, graduava-se o tormento, apertando um após outro os membros. Na polé levantava-se o condenado a alturas diferentes, até a roldana, repetindo-se as quedas. Esse tormento, muitas vezes , deixava os réus aleijados, e para maior hipocrisia perante a sociedade, os inquisidores mandavam que não fosse aplicado nos últimos quinze dias antes de o réu sair no auto-de-fé para que o povo não viesse as marcas deixadas pela tortura.

A pena de morte pela fogueira recebiam os réus que recusavam confessar-se culpados. Eram chamados contumazes, pois, negando, continuavam persistindo no crime. E também os relapsos, que, já tendo sido condenados, tornavam a pecar. Se no último momento, antes de se aplicar a pena de morte, o réu se dizia arrependido, e pedia para morrer na Lei de Cristo, era primeiramente estrangulado e depois atirado na fogueira. Se, porém, persistia em dizer que queria morrer na lei de Moisés, era queimado vivo. Os que fugiam eram queimados "em efígie", isto é, simbolicamente.

A flagelação era um castigo dos mais comuns. O indivíduo era açoitado através das ruas da cidade, despido até a cintura, muitas vezes montado num burro, enquanto as pessoas lhe atiravam pedras e detritos.

Os Autos de Fé

Durante o auto-de-fé, os réus ouviam suas sentenças. Os condenados a morrer na fogueira, depois da cerimônia eram transportados para o lugar onde se erguia o queimadeiro.

O auto-de-fé começava com a procissão seguida de uma missa. O sermão tinha uma importância toda especial, e o pregador era sempre escolhido entre os mais distinguidos membros do clero.

O auto-de-fé era celebrado com enorme pampa. Comparava-se a participação do povo com a promessa de que quem assistisse ao auto-de-fé ganhava quarenta dias de indulgência. O povo era avisado com um mês de antecedência.

Em Portugal e na Espanha a Inquisição converteu-se em um poderosíssimo Estado dentro do Estado. Houve tempos em que sua ação foi mais branda e houve períodos de enorme ferocidade. Avaliar com precisão quantas pessoas foram penitenciadas e condenadas pela Inquisição moderna na Espanha e em Portugal e suas colônias de ultramar é tarefa praticamente impossível.

O número de autos-de-fé em Portugal ainda não era conhecido. Oliveira Marques dá alguns que são também suposições. De 1543 a 1684 a Inquisição de Portugal queimou em autos-de-fé pelo menos 1379 pessoas, numa média de cento e trinta e seis por ano. De 1684 a 1747 foram sentenciadas 4672 pessoas e 146 foram queimadas. Na década de 1704 foram sentenciadas 1392 pessoas (cento e trinta e nove por ano) e 17 executadas. De 1724 a 1733 morreram 22 pessoas e 1070 foram condenadas. De 1734 a 1743 o número de execuções subiu a 51 e de 1750 a 1759, já no tempo do Marquês de Pombal, 18 foram queimadas e mais de mil foram penitenciadas. Segundo Cecil Roth, a Inquisição portuguesa processou quarenta mil pessoas, queimou mil oitocentos e oito (633 em efígie), condenou 29.590. A Inquisição de Goa processou 3800 pessoas em 82 autos-de-fé.

Desde o estabelecimento do tribunal da Espanha em 1480, até 1808, foram queimados 31.912 hereges (em efígie 17.659). Foram penitenciadas 291.450 pessoas, num total de 341.021. De 1780 até 1820 houve cerca de 5.000 processados.

Todos esses dados são aproximados e com o avanço das pesquisas devem ser renovados. Autores que procuram justificar a Inquisição refere-se aos números relativamente baixos de condenados, e dizem que os tribunais civis eram tão ou mais severos, e mataram mais gente."
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