BODE EXPIATÓRIO

Existem algumas coisas que nos tiram o sério, por mais equilibrados emocionalmente que sejamos e por mais esforço que façamos para manter a calma.

Alguns setores da imprensa - e principalmente a rede globo -, sempre que noticiam em seus veículos algum tipo de gasto excessivo por parte do governo, colocam em evidência as despesas feitas com o pagamento ou reajuste dos funcionários públicos, deixando transparecer que eles, com sua visão caótica e estrábica de lobrigar as reais causas, não nos vêem com bons olhos.

O funcionário público, que por eles é apontado como causa primária dos problemas de caixa do governo, é um trabalhador como outro qualquer, tão necessário quanto os demais porque a máquina administrativa da nação carece de mão-de-obra para servir ao público e por mais avançado tecnologicamente que o País esteja ainda não dispõe de robôs que os substituam em suas funções.

O funcionário público não pode ser inculpado pelos desmandos governamentais, pela má gerência dos responsáveis pelo dinheiro arrecadado pelo erário, cujo montante é composto de expressiva parcela de impostos paga pelos funcionários públicos. Diferente de outras categorias de trabalhadores, o funcionário já recebe seu salário com os descontos do imposto de renda ou outros tributos que por acaso venha a incidir, efetuados em seu contracheque, não havendo como sonegar. Todo imposto pago pelo trabalhador comum é também feito pelo funcionário público, que como este, tem família, filhos para educar, despesas a liquidar e compromissos a honrar.

O pior cego é aquele que não quer ver e esse tipo de gente é bastante comum entre nós, pois, indivíduos desse jaez são encontrados em todas as classes sociais, sendo que aí se enquadram aqueles que nos acusam de onerar os cofres públicos. Não enxergam, melhor dizendo, não querem bispar os verdadeiros responsáveis pelos defraudes, os espoliadores dos haveres do povo, personificados como lobos em velocino, os quais nem são mencionados em seus artigos.

Se vê então, a cada anúncio de reajuste para o servidor público a imolação deste, qual bode expiatório, para reparação dos pecados daqueles que deveriam ser de fato responsabilizados.

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