Grandes Religiões – Judaísmo – Parte 3
Calendário judaico
Ver artigo principal: Calendário hebraico
Baseados na Torá a maior parte das ramificações judaicas segue o calendário lunar. O calendário judaico rabínico é contado desde 3761 a.C. O Ano Novo judaico, chamado Rosh Hashaná (em hebraico ראש השנה, literalmente "cabeça do ano") é o nome dado ao ano-novo no judaísmo)., acontece no primeiro ou no segundo dia do mês hebreu de Tishrei, que pode cair em setembro ou outubro. Os anos comuns, com doze meses, podem ter 353, 354 e 355 dias, enquanto os bissextos, de treze meses, 383, 384 ou 385 dias. o calendario judaico começa a ser contado em 7 de outubro de 3760 a.C.que para os judeus foi a data da criação do mundo o que quer dizer que estamos vivendo no ano de 5769 (para 2009).
Diversas festividades são baseados neste calendário: pode-se dar ênfase às festividades de Rosh Hashaná, Pessach, Shavuót, Yom Kipur e Sucót. As diversas comunidades também seguem datas festivas ou de jejum e oração conforme suas tradições. Com a criação do Estado de Israel diversas datas comemorativas de cunho nacional foram incorporadas às festividades da maioria das comunidades judaicas.
Língua hebraica
Ver artigo principal: Língua hebraica
O hebraico (também chamado לשון הקודש Lashon haKodesh ("A Língua Sagrada") ) é o principal idioma utilizado no judaísmo utilizado como língua litúrgica durante séculos. Foi revivido como um idioma de uso corrente no século XIX e utilizado atualmente como idioma oficial no Estado de Israel. No entanto diversas comunidades judaicas utilizam outros idiomas cuja origem em sua maioria surgem da mistura do hebraico com idiomas locais (ver Línguas judaicas).
Crença messiânica e escatologia judaica
Ver artigo principal: Escatologia judaica
Escatologia judaica refere-se às diferentes interpretações judaicas dadas aos temas relacionados ao futuro: ainda que se acreditarmos na Torá este tema não seja tão desenvolvido no judaísmo primitivo após o retorno do Exílio em Babilônia desenvolveu-se baseado no profetismo e no nacionalismo judaico conceitos que iriam formar a base da escatologia judaica. Entre estes temas principais podemos nomear os conceitos sobre o Messias e o Olam Habá (mundo vindouro) no qual todas as nações submeter-se-iam a YHWH e a Torá e na qual Israel ocuparia um lugar de proeminência.
Messias
Ver artigo principal: Messias
Dentro do judaísmo, a doutrina do Messias é um assunto que pode variar de ramificação para ramificação. Historicamente diversos personagens foram chamados de Messias, do hebraico ungido, que não assume o mesmo sentido habitual do cristianismo como um "ser salvador e digno de adoração" . Até mesmo o conceito do Messias não aparece na Torá, e por isto mesmo recebe interpretações diferentes de acordo com cada ramificação.
A maior parte dos judeus crê no Messias como um homem judeu, filho de um homem e de uma mulher, (em algumas ramificações é considerado que viria da tribo de Yehudá e da descendência do rei David, uma herança do sentimento nacionalista que regulou a vida judaica pós-exílio) que reinará sobre Israel, reconstruirá a nação fazendo com que todos os judeus retornem à Terra Santa e unirá os povos em uma era de paz e prosperidade sob o domínio de YHWH.
Algumas ramificações judaicas (reformistas) creem no entanto que a era messiânica não envolva necessariamente uma pessoa, mas sim que se trate de um período de paz, prosperidade e justiça na humanidade. Dão por isso particular importância ao conceito de "tikkun olam", "reparar o mundo", ou seja, a prática de uma série de actos que conduzem a um mundo socialmente mais justo.
Literatura do judaísmo
Os diversos eventos da história judaica levaram a uma valorização do estudo e da alfabetização dos membros da comunidade judaica. Na Diáspora a busca de conexão com o judaísmo e a busca de não-assimilação com os costumes gentílicos levaram a uma ênfase na necessidade da educação e alfabetização desde a infância, pelo que na maior parte das comunidades judaicas o analfabetismo é praticamente inexistente. Este pensamento levou à criação de uma vasta literatura principalmente de uso religioso.
Dentro do judaísmo, a escritura mais importante é a Torá, que seria o livro contendo o conjunto de histórias da origem do mundo, do homem e do povo de Israel, assim como os mandamentos de obediência a Deus. Para a maior parte das ramificações judaicas, acrescenta-se a história de Israel e as palavras dos profetas israelitas até a construção do Segundo Templo, com sua literatura relacionada, que compiladas na época do retorno de Babilônia, constituíram o que conhecemos como Tanakh, conhecido pelos não-judeus como Antigo Testamento.
Os judeus rabinitas creem que Moisés recebeu além da Torá escrita, uma tradição oral que serviria como um complemento da primeira, e que seria passada de geração à geração desde Moisés, e que viria a ser compilada no século IV d.C. como o Talmude. Os judeus caraítas recusam estes textos .
Cada ramificação tem seus próprios textos e livros.
Literatura rabínica
Ver artigo principal: Literatura rabínica
- O Mishná com comentários.
- Os Talmudes de Jerusalém e Babilónico e respectivos comentários.
- O Toseftá.
- O Midrash de Halakhá e de Aggadá.
- Códigos de Lei e Costume Judaicos.
- A Mishné Torá com comentários.
- O Tur com comentários.
- O Shulkhan Arukh com comentários.
-
- Pensamento e ética judaicas.
- Judaísmo Chasídico / Hassidismo.
- Poesia judaica clássica (Piyyut).
- Liturgia judaica, incluindo o Siddur.
Judaísmo e o mundo
Mapa dos 50 países com maior número de judeus.
Judeus e não-judeus: as leis de Noé
Ver artigo principal: Leis de Noé
O judaísmo não é atualmente uma religião proselitista, ainda que no passado já tenha efetuado missões deste tipo. Mais precisamente apenas o patriarca Avraham o fazia, após se tornou uma prática proibida. Atualmente o judaísmo aceita a pluralidade religiosa, e prega a obrigação dos cumprimentos da Torá apenas ao povo judeu. No entanto defende que certos mandamentos (chamados de Leis de Noé, devido à terem sido entregues por Deus a Noé depois do Dilúvio), devem ser seguidas por toda a vida.
Judaísmo e Cristianismo
Apesar do Cristianismo defender uma origem judaica, o judaísmo considera o cristianismo uma religião pagã. Apesar da existência de judeus convertidos ao Cristianismo e outras religiões, não existe nenhuma forma de judaísmo que aceite as doutrinas do Cristianismo como a divindade de Jesus ou a crença em seu caráter messiânico (ver Religiosidade judaica e Judaísmo messiânico). Algumas ramificações tentaram ver Jesus como um profeta ou um rabino famoso, mas hoje esta visão também é descartada pela maioria dos judeus.
Existem diversos artigos sobre a relação entre o judaísmo e o cristianismo. Esses artigos incluem:
Desde o Holocausto, deram-se muitos passos no sentido da reconciliação entre alguns grupos cristãos e o povo judeu. O artigo sobre a reconciliação entre judeus e cristãos estuda este assunto.
Tentativas por parte de grupos religiosos cristãos (principalmente de origem evangélica) de conversão ao judaísmo são desprezadas e condenadas pelos grupos religiosos judaicos.
Judaísmo e islamismo
O islamismo toma diversas de suas doutrinas do judaísmo, sendo que as duas religiões mantêm seu intercâmbio religioso desde a época de Maomé, com períodos de tolerância e intolerância de ambas as partes. É especialmente significativo o período conhecido como Idade de Ouro da cultura judaica, entre 900 a 1200 na Espanha muçulmana. Também deve enfatizar-se o atual conflito entre parte da população muçulmana e os judeus devido à questão do controle de Jerusalém e outros pontos políticos, históricos e culturais.
O islão reconhece os judeus como um dos povos do Livro, apesar de acreditarem que os judeus sigam uma Torá corrompida. Já o judaísmo não crê em Maomé como profeta e não aceitam diversos mandamentos do islão.
Referências
Bibliografia
- Dosick, Wayne. Living Judaism: The Complete Guide to Jewish Belief, Tradition and Practice.
- Gillman, Neil. Conservative Judaism: The New Century, Behrman House.
- Gurock, Jeffrey S. American Jewish Orthodoxy in Historical Perspective, 1996, Ktav.
- Guttman, Julius. Philosophies of Judaism, trad. para o inglês por David Silverman, JPS. 1964.
- Back to the Sources: Reading the Classic Jewish Texts Ed. Barry W. Holtz, Summit Books.
- Johnson, Paul. A History of the Jews, HarperCollins, 1988.
- A People Divided: Judaism in Contemporary America, Jack Wertheimer. Brandeis Univ. Press, 1997.
- Encyclopaedia Judaica, Keter Publishing, edição CD-ROM, 1997.
- MARQUES, Leonado A. História das Religiões e a Dialética do Sagrado. Madras, 2005. ISBN 85-7374-952-0
- Mayer, Egon; Kosmin, Barry e Keysar, Ariela. "The American Jewish Identity Survey", in The American Religious Identity Survey, City University of New York Gradute Center, artigo comentado no The New York Jewish Week, de 2 de Novembro de 2001.
- Mimouni, Simon-Claude. Les chrétiens d'origine juive dans l'Antiquité. Albin Michel, 2004.
- Wigoder, Geoffrey; Goldberg, Sylvie Anne Dictionnaire encyclopédique du judaïsme. Laffont, 1997.
- Lesser, Jeffrey. Brasil e a questão judaica - Imigração, diplomacia e preconceito. Imago, 1995.
Ver também
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Ligações externas
- Conversãojudaica.org (em português) - site com informações a respeito da conversão ao judaísmo
- Thesouro dos Dinim, que o povo de Israel he obrigado saber e observar - Menasseh ben Israel (Amsterdam 1645-47)
- Kehilat Beit Israel - Comunidade Judaica Masorti de Lisboa
- Cohen.org.br (em português) - Associação Brasileira de Cohanim
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