Analisando as Traduções Bíblicas

Parte 1

Dr. Severino Celestino da Silva

O professor Severino Celestino da Silva, da Universidade Federal da Paraíba, onde leciona Judaísmo, Islamismo, Cristianisno Primitivo e Espiritismo, é ex-seminarista, pesquisador, autor dos livros: Analisando as Traduções Bíblicas e O Sermão do Monte, é apresentador do programa Abrindo a Bíblia pela Rede Boa Nova de Rádio, é considerado um dos maiores especialistas em estudos sobre a Bíblia no país.

Entrevista ao Diário de Natal

“Os católicos voltarão a acreditar na reencarnação”
 
Em Natal para participar da Semana Espírita de Parnamirim, o escritor, pesquisador e professor Severino Celestino da Silva é considerado um dos maiores especialistas em estudos sobre a Bíblia no país. Comparando os textos originais em hebraico com as diversas traduções em português ao imagelongos dos últimos 40 anos de sua vida, Celestino diz ter encontrado distorções impressionantes. ‘‘A reencarnação esteve presente na Bíblia de forma muito clara até o ano de 553, quando foi retirada do livro no famoso Concílio de Constantinopla’’, afirma Celestino. Seu primeiro livro ‘‘Analisando as traduções bíblicas’’ já vendeu mais de 25 mil exemplares no Brasil e já está na quinta edição. O próximo lançamento será a tradução do Gênese. Celestino também leciona quatro disciplinas na Universidade Federal da Paraíba: judaísmo, islamismo, cristianisno primitivo e espiritismo.

Diário de Natal: Quando surgiu essa paixão pela Bíblia e a vontade de estuda-la de forma tão profunda?

Severino Celestino: Desde 1964, quando entrei no seminário e ganhei a primeira Bíblia de presente do meu Reitor. Foi aí que me fascinei pelo lado social e moral do livro, que me tocam profundamente. Em cima disso eu procuro unir a moral bíblica com a moral da doutrina espírita. Meu trabalho gira em torno de mostrar que nos textos originais, ao contrário do que muita gente quer falar nos textos em português, que a Bíblia não condena a doutrina espírita. Do Gênese ao Apocalipse, não existe religião alguma. A Bíblia é um código moral de ensinamentos, que nos liberta e leva a Deus de uma forma neutra. Jesus nunca pregou religião; ele pregou o amor.

Há muitas diferenças entre os textos originais da Bíblia em hebraico e as traduções?

Muitas diferenças, distorções e intenções. Eu não me preocupo muito em condenar quem faz isso e sim mostrar a verdade que está lá. Quem quiser seguir, siga, quem não quiser não pode dizer que não conhece.

Erros na tradução do hebraico ou são distorções forçadas?

As raízes de todas as distorções estão nas traduções gregas. Por exemplo, quando você começa a estudar a Torah, que é uma palavra hebraica que significa ensinamento ou revelação divina. Quando você chega no grego, eles não chamam de revelação e sim de nomos, que significa Lei. Eles transformaram o que era uma revelação para uma Lei. E a conseqüência disso é que Lei é um princípio que regulamenta, proíbe e delimita. Enquanto o ensinamento é ao contrário, ele liberta. Não sei qual foi a intenção deles (gregos), mas eles foram os grandes mentores de todo o desvio entre o hebraico e as traduções em espanhol, inglês e português.

O senhor fala que os católicos voltarão a acreditar na reencarnação. Quando foi que eles acreditaram?

A reencarnação está patente nos textos originais. A partir da criação do homem, no Gênese. Daí para frente você vai encontrando referências claras de reencarnação pela Bíblia. São provas claras de que a reencarnação fazia parte do cristianismo, até ser ‘‘apagado’’ pelo Concílio de Constantinopla, algo que os estudiosos católicos negam até hoje, mas que está registrado historicamente. Isso seguiu até o famoso Concílio de Constantinopla, no ano de 553 da nossa era, que apresentava duas correntes: a corrente monofítica e a originista, que defendia a reencarnação, um princípio que já estava arraigado à Igreja. A rainha Teodósia de Constantinopla teve muita influência nesse Concílio, hospedando os monofisistas, pois era contra a reencarnação, uma vez que era muito devasta e tinha sido prostituta. As prostitutas de Constantinopla se orgulhavam em dizer que eram amigas da rainha, então ela mandou matar todas as quinhentas prostitutas. A partir daí, o povo passou a dizer que ela reencarnaria quinhentas vezes e, para não reencarnar, ela influenciou o Concílio, que assim foi muito tumultuado. Até mesmo o Papa foi excomungado e depois perdoado. A partir daí, a Igreja determinou que todo aquele que fosse a favor da doutrina de reencarnação seria anátema ou condenado. Portanto, essa foi a origem. Mesmo assim, você encontra no meio católico pessoas que aceitam a reencarnação. A Igreja Católica voltará a aceitar os conceitos da reencarnação. É só uma questão de tempo.

Indique uma Bíblia de boa tradução.

A Bíblia católica, chamada ‘Bíblia de Jerusalém’ (Edições Paulinas), eu considero como a melhor tradução para o portuguê. Mesmo assim há algumas distorções.

Deu no Diário de Natal (08.10.2006)

Postar um comentário