Incêndios Florestais

O presente artigo é indicado para profissionais ligados à Segurança do Trabalho, Reservas Florestais, Bombeiros, Defesa Civil, Meio Ambiente, Polícia e sociedade como um todo.

Programa de Combate e Prevenção a Incêndios Florestais

Desde 1998 a CI-Brasil vem desenvolvendo no Pantanal Sul-matogrossense o programa de Combate e Prevenção a Incêndios Florestais. O programa consiste no treinamento de brigadas voluntárias contra incêndios florestais e na campanha Queimadas Controladas, que busca alertar as comunidades locais quanto aos perigos do uso inadequado do fogo. A partir de 2002 esse programa foi estendido para todo o Corredor Cerrado-Pantanal.

Os treinamentos contam com o suporte técnico do Ibama, da Polícia Ambiental, da Secretaria do Meio Ambiente, Cultura e Turismo (Semact) e do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul. O público-alvo é a comunidade local, formada por agricultores e fazendeiros que costumam usar o fogo como ferramenta para renovar pastagens.

Os voluntários da brigada recebem informações sobre queima controlada e legislação ambiental, além de instruções, em cartilhas especialmente elaboradas pelo Ibama e pela CI-Brasil, sobre primeiros-socorros, técnicas de prevenção e de combate a incêndios florestais. Em algumas ocasiões, até mesmo um avião bombeiro-agrícola Dromader já foi usado para simular situações reais.

A campanha Queimadas Controladas é parte de uma série de medidas desenvolvidas no Corredor Cerrado-Pantanal para diminuir o uso das queimadas na região. São utilizados vários veículos como TV, rádio, outdoors, cartazes, folders, camisetas para transmitir à população que “sem o controle das queimadas, todo mundo perde”.

Até o momento 15 municípios foram atendidos em todo o corredor. Foram treinados mais de mil voluntários nas brigadas de incêndio.

 

Incêndios Florestais

O Fogo

Fogo, de um modo geral, é o termo aplicado ao fenômeno físico resultante da rápida combinação entre o oxigênio e uma substância qualquer (madeira por exemplo), com produção de calor, luz e, geralmente, chamas. Fogo, ou mais precisamente combustão, é portanto uma reação química de oxidação.

A reação da combustão completa da madeira, que poderia ser generalizada para todo o material combustível da floresta, envolve três elementos básicos: combustível, oxigênio e calor.

Em qualquer incêndio florestal é necessário haver combustível para queimar, oxigênio para manter as chamas e calor para iniciar e continuar o processo de queima. Essa interrelação entre os três elementos básicos da combustão é conhecida como “triângulo do fogo”. A ausência, ou redução abaixo de certos níveis, de qualquer um dos componentes do triângulo do fogo inviabiliza o processo da combustão

Comportamento do Fogo

Taxa de Propagação do Fogo

Taxa de propagação é o termo usado para descrever a taxa segundo a qual o fogo aumenta, tanto em área quanto linearmente. Em estudos de comportamento do fogo, um dos mais importantes parâmetros é a taxa de propagação linear do fogo, ou velocidade de propagação, que pode ser medida em metros por segundo, metros por minuto ou quilômetros por hora.

Existem modelos matemáticos, bastante complexos, para se estimar a velocidade de propagação de um incêndio. O modelo proposto por ROTHERMEL, por exemplo, se baseia na teoria de conservação de energia.

Em termos práticos, a velocidade de propagação do fogo pode também ser medida diretamente em qualquer incêndio. Basta ter um cronômetro e marcar no terreno distâncias pré-estabelecidas. Cronometrando-se o tempo que o fogo leva para percorrer essas distâncias, estima-se facilmente a velocidade de propagação em qualquer unidade desejada. Apesar de ser um dos parâmetros mais fáceis de se medir em um incêndio, a velocidade de propagação é muito importante na previsão do comportamento do fogo.

Embora seja muito variável de incêndio para incêndio, por depender de muitos fatores, resultados de velocidade de propagação do fogo têm sido publicados por diversos autores em diferentes condições de queima. Esses resultados dão uma idéia dos limites de velocidade que se pode esperar do fogo, tanto em queimas controladas como em incêndios florestais.

Intensidade do Fogo

Um dos mais importantes parâmetros do comportamento do fogo é a intensidade do fogo. BYRAM (1959) definiu este termo como “a taxa de energia ou calor liberado por unidade de tempo e por unidade de comprimento da frente de fogo”. Numericamente, é igual ao produto da quantidade de combustível disponível pelo seu calor de combustão e pela velocidade de propagação do fogo, como mostra a equação de Byram:

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onde:

I = intensidade do fogo nos incêndios florestais (4 a 25.000 Kcal/m.s)

H = calor específico do material combustível na floresta (3.600 a 5.000 Kcal/kg)

w = peso do material combustível (kg/m^2)

r = taxa de propagação do incêndio (m/s)

A intensidade do fogo pode também ser estimada através de sua relação com o comprimento médio das chamas. A equação que traduz essa relação é a seguinte:

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sendo:

I = intensidade do fogo em kcal/m.s.

hc = comprimento das chamas em m

Altura de Crestamento

A temperatura alcançada, a determinada altura, pela coluna de convecção acima do fogo, depende de três fatores: a intensidade do fogo, a temperatura do ar e a velocidade do vento. A determinada intensidade do fogo, ventos fortes tendem a dissipar a coluna de convecção horizontalmente, reduzindo a altura de crestamento letal. A temperatura do ar também é importante porque o acréscimo de calor necessário para matar a folhagem depende naturalmente da temperatura inicial.

VAN WAGNER descobriu que a altura de crestamento letal em copas de coníferas varia com a potência de 2/3 da intensidade do fogo, ou seja:

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Incluindo os efeitos da velocidade do vento e da temperatura ele desenvolveu a seguinte equação, para calcular a altura de crestamento letal para povoamentos de Pinus ponderosa

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sendo:

 

hs = altura de crestamento letal em metros;

I = intensidade do fogo em kcal/m.s;

V = velocidade do vento em m/s;

T = temperatura do ar em °C;

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