“[...] O ESPÍRITA BEM INSTRUÍDO NA SUA DOUTRINA – Última Parte (7)

34) Dogmatiza que a gente nasce, vive e morre e renasce ainda e progride continuamente.

Com exceção do dogmatiza, é assim que acontece.

35) Dogmatiza que este juízo particular é pura fantasia e imaginação.

De qual juízo particular será esse que ele se refere? Eu não entendi. Se for do Juízo Final, digo que as informações que temos são bem diferentes das que eles acreditam que seja.

36) Decreta que este purgatório não existe, mas foi inventado pela Igreja para ganhar dinheiro.

Pura balela, invencionice, porque o Espiritismo não se ocupa de condenar os ensinamentos de ninguém, repito pela enésima vez. Outra coisa, o Espiritismo não é ensinado por decretos como costuma acontecer no catolicismo, e que este criou muitos artifícios para amealhar o fabuloso patrimônio que tem sim, é a mais pura expressão da verdade e tenho como provar, com os argumentos que quiserem solicitar.

O purgatório é o que mais se aproxima da realidade, porque o inferno é incompatível com a Doutrina, por ser ele uma negação da piedade Divina. A justiça dos homens seria bem mais piedosa porque não condena o criminoso eternamente, e no Brasil nem mesmo existem as penas de morte ou prisão perpétua. Acreditar então que Deus, a suprema e excelsa expressão de amor e bondade condenaria seus filhos viciosos ao eterno suplício, muitas vezes por uma pequena falha, é uma insensatez tamanha que não se pode mensurar. É fazer pouco caso dos ensinamentos de Cristo que afirma que, ao final, todos se salvarão.

37) Ridiculariza e zomba deste céu como de um lugar de “eterna e fastidiosa ociosidade”.

Acho que já está mais do que claro a nossa posição em relação a tudo que o reverendo tem dado a entender de maneira sutil ou indireta contra nós e não vou mais responder às suas insinuações jocosas.

O que ele diz ridiculariza, leia-se, não aceita, por se tratar de mais um pressuposto da Igreja que pensa ainda viver na Idade Média, quando impunha sua doutrina goela abaixo e não deixando que as pessoas aderissem à fé católica espontaneamente. Se pensam que o céu é um lugar de eterna e fastidiosa ociosidade, onde não se faz nada e somente estão de mãos postas contemplando o alto ou olhando pra baixo como se costuma representar nas imagens de santos, estão redondamente enganados. Os espíritos, principalmente os de alta elevação moral trabalham constantemente e sem necessidade de descanso, porque, o seu trabalho é prazeroso e não penoso como o trabalho do homem encarnado.

Eu nunca tive oportunidade de ver uma imagem de santo ou de anjo católicos em expressão de felicidade. Não há um esboço de alegria, um sorriso sequer e se assim fora, este céu seria o que ele realmente afirma. Chamam a isso de felicidade eterna?

Se ainda não estiverem contentes, tentem passar uma, duas, três ou quatro horas de mãos postas olhando em um ponto fixo qualquer e vejam se conseguem, o que eu duvido.

38) Dogmatiza que o inferno foi inventado para assustar crianças.

Esse dogmatiza enche a paciência de qualquer um.

Não se sabe ao certo de onde tiraram a idéia de inferno, mas possivelmente de algumas tradições de povos antigos, que a igreja primitiva adotou e até hoje perdura. Porém, os povos primitivos eram bem mais rudes que os contemporâneos e para que certas leis humanas tivessem o efeito esperado eram necessárias representações de cenas fortes, que chocassem. Sobre assunto já discorri na contestação do nº 36.

39) Dogmatiza que não pode haver ressurreição dos mortos.

Eles inventaram o dogma e querem nos imputar esta pratica arcaica de doutrinar.

Para quem não sabe, na doutrina Espírita não tem dogmas e nem imposição de fé. Ensina, pelo contrário, que a fé deve ser raciocinada e não por injunção. Se alguém nunca tivesse mexido onde não devia, se nunca tivessem sido modificado o texto original em favor de alguém ou de um interesse em particular, o ensinamento bíblico teria outra dimensão. Se todas as traduções que foram feitas estivessem cem por cento fiéis ao texto original poder-se-ia crer com maior convicção. Mas quem seria capaz de afirmar o contraditório? Agora, eu não sei o que é mais racional para o leigo, a doutrina da reencarnação, mais condizente com a evolução do espírito e do homem (espírito encarnado), onde este resgata seus débitos em vidas sucessivas ou o dogma da ressurreição, onde uma só existência anula o resgate dos pecados do homem, se este mesmo homem for escudado apenas no sacrifício de Jesus Cristo, que morreu para a salvação de todos. Ou não foi por todos que Ele deu sua própria vida?

40) Dogmatiza que Jesus não virá para julgar todos os homens.

Eu francamente estou estarrecido com tamanha insensatez. De qual espiritismo será que o irmão se refere?

Jesus virá, segundo Ele mesmo afirma nos Evangelhos, mas o Juízo Final não será o fim de tudo. A Terra é uma criação divina e como as demais criações de Deus deverá cumprir todas as suas fases evolutivas.

Haverá um desterro, um expurgo de espíritos retrógrados, malignos, a separação do joio do trigo. Tais espíritos irão habitar mundos primitivos com a dupla função de expiar e fazer as populações desses mundos primários progredirem mais rapidamente.

Os escolhidos não vão diretamente pro Céu, como se imagina. Acompanharão a próxima etapa evolutiva do planeta uns, porque ainda tem do que se depurar; ascenderão a mundos mais elevados outros, dependendo da sua elevação moral, onde também cumprirão mais uma etapa da escala evolutiva. É mais ou menos assim que acontecerá

Em meus estudos espíritas nunca vi uma negação a esse respeito e, acreditem, posso não ser um bom espírita, mas, levo a sério o aprendizado da doutrina que só me trouxe bênçãos, consolo e paz. Uma luz brilhou em minha existência terrena e hoje posso dizer que sou um pouco melhor e mais feliz do que antes.

Por que sou espírita?

Nasci em família católica e confesso, acreditava mesmo em tudo ou quase tudo que era ensinado na Igreja. Gostava de ir à missa - e ainda vou quando isso se faz necessário, - gostava das festividades em homenagens aos santos, fazia promessas, etc, etc.

Entretanto, à medida que o tempo passava e eu me instruía, havia alguma coisa que não se encaixavam bem e me deixavam intrigado diante da incerteza, como os exemplos que se seguem:

- Deus é o Ser Supremo, Criador de tudo que existe, mas somente os santos tem igrejas dedicadas a eles;

- o mistério da Santíssima Trindade, que eu não conseguia assimilar;

- Nossa Senhora como Mãe de Deus, virgem perpétua que ascendeu ao Céu e foi coroada Rainha do Céu e da Terra;

- as diversas denominações de Nossa Senhora, se Ela é apenas uma.

- Com exceção do casamento, do batismo e da eucaristia, que para os quais encontramos menções em algumas passagens dos evangelhos, tinha as minhas dúvidas quanto à crisma, a penitência ou confissão, a ordem, e a extrema-unção;

- o pecado original e suas conseqüências;

- o deus humanizado do Velho Testamento, ciumento, irascível, vingativo, que mandava destruir os povos não judeus e exterminar tudo, inclusive velhos, mulheres e crianças;

- o pagamento do dízimo, dentre outras dúvidas e contestações.

Quando dos meus estudos de primeiro e segundo graus fui conhecendo a história do Cristianismo, sua evolução e retrocesso, as Heresias, os Anátemas, as vendas de Indulgências, as Guerras Santas, a fase negra da Santa Inquisição, aí eu me revoltei, literalmente. Como era que a minha Igreja tinha sido capaz de tantas atrocidades em nome da fé?

Desde então procurei nos livros bíblicos católicos e de outras religiões as respostas que tanto anelava, ávido que era de encontrar a verdade, sem nenhum sucesso. Talvez não houvesse chegado a hora porque tudo tem seu tempo. Foi então que por acaso conheci o Livro dos Espíritos que, à priori, me respondeu a maior parte dos meus questionamentos e me abriu uma nova perspectiva, uma nova dimensão de conhecimentos e valores inéditos. Ato contínuo, li todas as obras básicas do Espiritismo, comecei a freqüentar o Centro Espírita onde até hoje, com as bênçãos do Criador, procuro aprofundar o meu conhecimento sobre o assunto.

Sobral, 19 de agosto de 2000

antromsil

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