MENDIGOS MODERNOS – Parte 2


Outro dia, estava a conversar com amigos em uma residência de um bairro daqui, quando chegam duas senhoras pedindo. A amiga da dona da casa em que estávamos avisou para esta que aquelas mulheres somente queriam feijão, arroz ou açúcar, ou seja, faziam uma coleta seletiva de donativos. Fiquei observando o jeito como agia uma delas que não perdia tempo: enquanto aguardava o óbolo de uma casa, se dirigia à outra e pedia e, ato contínuo, já rumava para a seguinte, para depois retornar e apanhar a doação de cada casa.

Algumas dessas pessoas se não recebem nada além de um “perdoe”, saem xingando e até rogando pragas!

Conheço uma senhora que não é nossa conterrânea, mas habita uma cidade limítrofe à nossa que tem casa própria e poupança, tudo produto de esmola.

Há também aqui, uma que trabalhava como gari (não sei se ainda continua no mesmo serviço) que de olho nas pessoas que estavam sentadas conversando, principalmente em lanchonetes e bares, escolhia a vítima, encostava a vassoura, estirava a mão e pedia.

Outro que não é mendigo profissional, alegando estar desempregado e por essa razão, necessitado, ficava no supermercado abordando pessoas conhecidas, pedindo uma prenda qualquer. O caixa sussurrou-me dizendo que, “desse jeito ele iria para casa com uma boa feira sem gastar nenhum centavo, só na base da conversa”, porque quando recebia um quilo de arroz, farinha ou feijão, e.g., saia e guardava em local escondido, retornava e seguia a cata de novos prováveis doadores.

Uma menina de aproximadamente dez ou onze anos, com roupas não muito simples tem aparecido em minha residência pedindo o que comer. Não acho que ela seja tão necessitada para fazer-se de pedinte, mas, hoje os que se ocupam deste ofício, se é que podemos assim chamar, não se envergonham de nada, pedem na cara de pau, como outro que numa determinada ocasião em que eu parei próximo a uma seresta para retirar uns apetrechos de uma pessoa que estava comigo e ali ficaria, este homem encostou-se em mim e sem cerimônia me pediu “R$ 10,00 para pagar sua conta”. Eu redargüi, dizendo: “engraçado; tu bebes, faz tua despesa e eu que nem sei quem tu és é que devo pagar a conta”, no que ele retrucou: “pois me dê pelo menos R$ 5,00!”. Por minha vez eu lhe respondi que se “ele fosse uma mulher bonita talvez eu não lhe desse R$ 1,00”.

E assim, meus amigos, quantos não há que, se utilizam de práticas diversas para persuadir as pessoas sensíveis e delas tirar alguns cobres, por pouco que seja, juntando um tantinho aqui, outro pouquinho ali, qual galinha que de grão em grão enche o papo, ao final do dia já tem uma boa acumulação.

Mendigos há cá entre nós, que faturam em média, R$ 40,00 por dia, o que dá um ótimo salário para quem não rende e nem produz patavina.

Fazer caridade esmolando hoje em dia tornou-se muito complicado porque não se sabe ao certo quem realmente precisa e quais os falsos mendigos.

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