CAMPANHA CONTRA A AUTOMEDICAÇÃO

O Ministério da Saúde lançou há bem pouco tempo uma campanha para combater o uso inadequado de medicamentos por acreditar que grande parte das intoxicações são devidas ao emprego de remédios por automedicação.
Ora, evidentemente que não deixa de ser interessante essa campanha por tratar de um assunto relevante e é natural que as autoridades dessa esfera se preocupem, porque com saúde não se deve brincar.

Mas, por outro lado, a saúde como está, não deve assim permanecer, porque, esses cardeais que nos conclamam a não nos automedicarmos são os mesmos responsáveis pelo descaso que acontece no atendimento ao público tanto nos hospitais como nos postos de atendimento.

Somos exortados a não tomar remédio sem consultar um médico. Mas, como não se auto-medicar se não temos esculápios disponíveis nos postos de saúde e nosocômios do município, e, mesmo os planos de saúde não atendem com presteza, com a atenção almejada? Se não temos condições de arcar com todas as despesas decorrentes do atendimento médico, porque, pagar uma con-sulta até que se faz um esforço e às vezes se consegue, mas, os exames complementares e a compra dos remédios, como é que se paga sem dinheiro? E no caso de quem reside fora do município, quem vai arcar com o transporte?

A realidade é completamente diferente da tese, pois, teoricamente a exortação é corretíssima. Porém, na prática a conversa é bem diferente como já conhecemos e veremos nas linhas que se seguem.

Hospitais novinhos, prontos para o uso, abandonados por falta de tudo; móveis, profissionais, funcionários, equipamentos, etc., em muitas cidades brasileiras. Alguns estão cobertos de mato, depredados aqui, ou aproveitados por desocupados e viciados em drogas, ali; alguns em uso, porém carentes de tudo um pouco, principalmente remédios, com equipamentos quebrados ou obsoletos, sem um gerador para prevenir a falta de energia elétrica, mão-de-obra especializada deficiente e por aí vai.

Como se vê nos noticiários da imprensa quase que diariamente filas e mais filas de gente acotovelando-se a procura de marcar uma consulta para quando, só Deus sabe!, pois, aqui mesmo em Sobral, existem casos que são de estarrecer.

Um dia desses ouvi no rádio que uma senhora, (que não deu para captar os detalhes), já espera há mais de três anos por um procedimento odontológico para um de seus filhos e quando procura solução para o caso só recebe “perdoe”.

Para se marcar uma simples consulta eletiva, demora uma, duas ou mais semanas; um exame, dependendo do caso, meses a fio. Sem mais delongas, acrescento que casos como estes, são bastante freqüentes em todo território Nacional.

Gente amontoada uns sobre os outros, nos corredores dos hospitais, deitados em macas improvisadas, em cadeiras ou mesmo no chão, doentes graves, casos de urgência e até de emergência são produto de sorteio por apenas um leito adequado, uma vaga para não morrer a míngua, mas mesmo assim, muitos não conseguem resistir em função da demora no atendimento e morrem mesmo! Infelizmente!

E então, pra quem apelar? Enquanto não prescreverem o remédio correto e na dose certa a nossa saúde será um paciente acometido de enfermidade crônica, desses que se encontram abandonados por todos, inclusive pela própria família, nos hospitais da vida dos brasileiros.

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