CASOS & COISAS QUE O POVO CONTA

A VISÃO DO GUARDA NOTURNO

Contava minha avó, quando eu ainda era criança, que um senhor de codinome Zuca Pedro, guarda noturno que trabalhava vigiando o mercado público e adjacências, juntamente com outros colegas, teve um dia uma desagradável surpresa em uma de suas rondas noturnas.

Referido cidadão de idade já avançada, porém, com grande disposição para exercer o seu mister, era o que se pode chamar de homem destemido e impetuoso.

O serviço daquele dia transcorria sem alteração até que a certa hora da noite quando todos já dormiam e já se podia sentir uma brisa mais fria prenunciando a chegada da madrugada, ouviu passos. Olhou na direção dos ruídos e pôde ver que se tratava de uma mulher bastante formosa, de cabelos longos e negros, que se mostrava um pouco apressada em seu caminhar.

Curioso e apreensivo com a brusca aparição da mulher que, àquela hora e àquela época, era tão singular que adelgaçava a curiosidade de qualquer um que andasse noite afora, tomou a decisão de investigar.

O que supostamente se pode presumir é que talvez essa criatura estivesse tentando esconder um caso amoroso e evidentemente não queria ter sua identidade revelada ou então estivesse fugindo de alguém ou alguma coisa
Diante de tal situação resolveu acelerar o passo e seguir aquela senhora para ver se era possível descobrir o motivo de suas andanças noturnas e também a causa da sua pressa. Quando se aproximou percebeu que ela evitava-lhe encarar procurando ocultar-lhe o rosto; então a cumprimentou e perguntou:
-- Posso ajudá-la, senhora?
-- Não é necessário.
-- Mas, é muito perigoso para uma mulher vagar por aí à noite sozinha.
-- Sim, eu sei.
-- Posso então saber aonde vai e lhe acompanhar?
-- Não devia, mas, pode.
Seguiram ambos um ao lado do outro e dobraram a esquina do cemitério. Ela, calada, seguia em passos largos. Ele, tentando ver seu rosto, sentiu um arrepio logo seguido um cheiro estranho, quase insuportável. Porém não recuou. Quando chegaram ao portão do cemitério ela empacou, virou-se para ele e disse com uma voz fanhosa:
-- É aqui que eu moro, está satisfeito agora?
Em face àquela visão fantasmagórica, o pobre varão desmaiou com o susto e foi encontrado ainda caído ao chão, horas depois, pelos companheiros de trabalho com a saúde bastante comprometida. Contam que desde esse dia não foi mais homem de serviço.

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