INQUISIÇÃO (O Início da Santa Inquisição) – parte 4
A Inquisição no Brasil
A história do Brasil, como a de outras nações está cheia de mitos e mentiras. Um desses mitos, no qual os brasileiros acreditaram durante gerações, foi de que não houve ação inquisitorial nem política racista no Brasil. Hoje sabemos que a Inquisição interferiu profundamente na vida colonial durante mais de dois séculos, atingiu as regiões mais distantes e perseguiu portugueses residentes no Brasil e brasileiros natos, do Amazonas até a colônia do Sacramento, e as leis racistas estão textualmente registradas na legislação portuguesas.
Inicialmente o trabalho árduo, com poucas recompensas imediatas, o perigo das viagens, a hostilidade dos índios, as doenças foram fatores que não estimularam a vinda de portugueses. Dom Manuel não sabendo o quê fazer com o Brasil, arrendou-o a um grupo de mercadores cristãos-novos, que foram os primeiros a explorar o país economicamente.
O regimento trazido por Tomé de Souza era bastante maleável e a vida familiar na colônia decorria sem interferência das autoridades nos comportamentos nem nos credos religiosos. Temos notícias de cristãos-novos que praticavam livremente o judaísmo em São Vicente na Primeira metade do século XVI.
Quando Felipe Segundo da Espanha incluiu Portugal entre seus domínios, em 1850, reforçou por razões políticas o tribunal da Inquisição, e a perseguição às heresias também se intensificou. As denúncias sobre as infrações religiosas na colônia chegavam ininterruptamente aos ouvidos dos inquisidores, assim como as notícias sobre a riqueza dos colonos. Agentes inquisitoriais foram enviados para o Brasil, visitadores, comissários e familiares, para investigar, prender os suspeitos de heresias. Perante o visitador são apresentadas as mais variadas heresias, feitiçarias, bruxarias, sodomia, bigamia, blasfêmias, desacatos, e os crimes de religião: judaísmo, luteranismo
Em 1593, terminando o seu trabalho na Bahia, o visitador passou para Pernambuco, onde recebeu as confissões e denunciações dos moradores. Aparecem mencionadas 62 pessoas, das quais 51 homens e 11 mulheres. Confessaram as seguintes culpas: blasfêmia 40, sodomia 6, bigamia 3, práticas judaizantes 4 e práticas luteranas 8.
Em 1618, a Inquisição mandou novamente um visitador para a Bahia. Compareceram perante ele no tempo da Graça 55 confidentes, a maioria era nascida em Portugal e tinham as mais diversas profissões. Confessaram: culpas de adultério 2, blasfêmia 12, comer carne na quaresma 2, comer antes da confissão 1, concordar com a prostituição 1, desacatar a missa 1, não fazer a comunhão 6, feitiçaria 5, heresia 2, judaísmo 5, ler livros proibidos 1, não deixar a mulher confessar 1, sodomia 13, culpa não declarada 1, e testemunhas de heresia 2. Em 1620 no segundo tempo da Graça, compareceram 7 confidentes, 6 homens e 1 mulher, cinco cristãos-velhos e dois cristãos-novos. Confessaram sodomia 3, feitiçaria 1, quebrar o juramento 1, blasfêmia 1, negar a validade de auto-de-fé 1. Trinta e sete denunciantes apresentaram-se nesse mesmo período na Bahia, 36 homens e 1 mulher. Os crimes denunciados foram: blasfêmia 6, adultérios 2, heresia 5, judaísmo 19, ler livros proibidos 3, sodomia 6, falar mal do Santo Ofício 1.
O provincial da Companhia de Jesus foi responsabilizado por uma Inquirição, mas se encontrando ausente foi auxiliado pelo clero local, que inquiriu 120 testemunhas, que denunciaram 85 judaizantes, 18 feiticeiros (4 homens e 14 mulheres) e 16 sometigos. Dos denunciados nessas visitações e inquirições, muitos foram presos. Alguns foram queimados, os judaizantes receberam principalmente a sentença de cárcere e hábito penitencial perpétuo, e os restantes, penas mais leves. A maior parte dos hereges brasileiros penitenciados no século XVII era da Bahia, então capital da colônia.
O auge de perseguições inquisitoriais no Brasil deu-se na primeira metade do século XVIII, quando a produção do ouro, dominava a economia colonial.
Na Paraíba, por exemplo, havia uma importante comunidade cristo-judia, constituída principalmente de haviadores de cana. Entre 1729 e 1736 a Inquisição prendeu 48 pessoas, que foram processadas em Lisboa, sendo uma das mulheres, Guiomar Nunes, queimada.
Interessante que praticamente a metade dos prisioneiros brasileiros critãos-novos no século XVIII era de mulheres, que representaram um importante papel na transmissão da heresia.
Investidas contínuas foram feitas pela Inquisição no correr do século, também em outras regiões menos prósperas. Como no Maranhão, em 1731 e no Pará, em 1763, houve uma visitação em que também sobressaíram as feitiçarias, blasfemos, curandeiros, sodomitas, bígamos, sendo ao todo implicados 485 pessoas.
Fenômeno curioso no Brasil foi o elevado número de membros do clero presos pela Inquisição. Podemos dizer que há uma longa tradição herética entre o clero brasileiro, que remonta aos tempos coloniais.
Espírito do Santo Ofício da Inquisição Continua
O Santo Ofício da Inquisição, que queimou Giordano Bruno e perseguiu Galil, denomina-se, hoje Sagrada Congregação para a doutrina da fé. Esta congregação tem acusado como hereges, advertido e punido numerosos teólogos contemporâneos, que têm questionado diferentes aspectos da doutrina católica e a infalibilidade da Igreja.
Os princípios teólogos ultimamente acusados de heresia foram: Edward Schillebeeckx, professor de teologia da Universidade Católica Nijmaegen, Holanda, e Hans Kung, professor de Dogma e Teologia Ecumênica da Universidade do Estado, Tubigen, Alemanha Ocidental.
Desde 1957 Hans Kung está em choque com o Vaticano, por ter posto em dúvida a inefabilidade da Igreja e criticado a debilidade da doutrina papal sobre o controle da natalidade. Chamado a Roma em 1971, para justificar as suas idéias, respondeu que só iria se pudesse ver todo o seu processo e escolher seus próprios advogados. A congregação recusou-se. Nessa atitude vemos a repetição do procedimento da Inquisição ibérica, onde os réus não tinham conhecimento do seu processo e os únicos advogados admitidos eram homens internos da Inquisição. Kung também foi punido por dizer que a ressurreição não podia ser um acontecimento histórico, a virgindade de Maria era uma lenda, que não se devia identificar Jesus com Deus e que Jesus nunca se intitulou Messias. O próprio papa João Paulo II, em 18 de dezembro de 1979, declarou que Hans Kung, nos seus escritos, afastou-se da verdade integral da fé católica e portanto não podia mais ser considerado um teólogo católico, nem atuar como tal num papel de professor.
Os pensadores religiosos estão divididos hoje, como estiveram divididos durante a Inquisição Ibérica
Considerações Finais
Por tudo que foi visto, podemos verificar as maldades feitas pela Inquisição. Como exemplo dessas maldades podemos citar as caças aos hereges (principalmente judeus, árabes, muçulmanos, negros), não podia ter outra religião que não fosse o catolicismo, eram presos, torturados, flagelados e principalmente queimados vivos em praça. Mas, a pior dor deixada pela Inquisição foi o empobrecimento cultural e econômico, que foram absorvidas por Portugal e Espanha, pois não puderam praticar estudos sobre física, biologia, medicina, agricultura, matemática. Já economicamente a burguesia, estava muito bem, por causa do desenvolvimento do capitalismo comercial que crescia cheio de dinamismo e criatividade, foi castrada pela Inquisição e pelo Estado. Conseqüentemente, isso também afetou o Brasil, pois naquele tempo o mesmo era colônia de Portugal e seguia todas as normas estabelecidas pela Inquisição.
A Inquisição durante muitos séculos conseguiu manter com a união da política e da religião, através de meios burocráticos o poder sobre as pessoas para não o livre arbítrio do pensamento na forma de estudos, críticas, descobertas, questionamento e religião.
A Ordem DeMolay é bela, grandiosa e abraça todo o mundo porque nela não existe distinção de cor, religião, política, classe social e nela também existe o respeito cultural e de pensamento.
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