INPE apresenta sistema de propulsão de satélites feito no Brasil
Espaço
Com informações do INPE - 17/07/2012
O subsistema de propulsão foi desenvolvido para a PMM, a Plataforma Multimissão, a base de satélites criada pelo INPE para uso no Amazônia-1 e no satélite de pesquisas Lattes.[Imagem: INPE]
Propulsão nacional
O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apresentou nesta segunda-feira o primeiro subsistema de propulsão para satélite desenvolvido no Brasil.
O equipamento, usado na correção de atitude e elevação de órbita dos satélites, operações comuns durante toda sua vida útil, deverá equipar o satélite Amazônia-1.
O subsistema de propulsão foi desenvolvido em parceria com a empresa Fibraforte para a PMM, a Plataforma Multimissão, a base de satélites criada pelo INPE para uso no Amazônia-1 e no satélite de pesquisas Lattes.
A PMM está sendo construída por um consórcio de empresas privadas, sob a coordenação do INPE.
Inicialmente serão construídos dois modelos idênticos, um de qualificação e o outro para voo no satélite.
Qualificação
O modelo de qualificação do subsistema de propulsão já passou pela sequência de testes que reproduzem todo os tipos de esforços durante o lançamento, além do ambiente hostil em que um satélite deve operar.
No Laboratório de Integração e Testes (LIT), em São José dos Campos, foram realizados os testes de vibração, termovácuo, alinhamento e vazamento.
Já no Banco de Testes com Simulação de Altitude (BTSA), em Cachoeira Paulista, aconteceu o teste de tiro real sob vácuo, que simula manobras em órbita. Todos os testes foram aprovados na etapa de qualificação.
"Como os testes foram realizados pela primeira vez em um subsistema de propulsão, os laboratórios tiveram adaptações em suas estruturas. O BTSA, que integra o Laboratório de Combustão e Propulsão, obteve investimentos para adaptações e melhorias", conta Heitor Patire Júnior, pesquisador do INPE que é o responsável técnico do projeto.
Nacionalização
Alguns equipamentos que fazem parte do subsistema de propulsão ainda foram importados por não haver produto similar no país - cerca de 60% dos equipamentos necessários para a construção de todo o satélite serão importados.
No caso do sistema de propulsão, a Fibraforte desenvolveu propulsores, válvulas de enchimento e dreno de combustível e gás pressurizante, tubulação e a própria estrutura e suportes do subsistema.
"Pelo INPE está sendo desenvolvido o catalisador que abastece os propulsores (onde o combustível sofre reação química gerando a propulsão nos motores), todo o processo de soldagem da tubulação que transporta o combustível entre o tanque e os propulsores, além do treinamento das equipes de vários laboratórios envolvidos nesse desenvolvimento", explicou Heitor.
Para os próximos satélites, a Fibraforte pretende desenvolver também o tanque de propelente. Com mais esse passo, sistemas de propulsão para controle de órbita e atitude de satélites estarão livres de barreiras de importação por sensibilidade tecnológica.
"Os novos desenvolvimentos relacionados ao subsistema de propulsão podem levar o país a ser autossuficiente em todos os equipamentos que hoje são importados, levando ao crescimento da nossa indústria aeroespacial", disse o pesquisador.
Impulso espacial
Há poucos dias, o IPEA, um órgão de pesquisas do governo, argumentou que o programa espacial brasileiro precisa de foco, enquanto a quase totalidade dos especialistas concorda que o que está faltando é investimento, para manter operacionais as empresas que desenvolvem tecnologias, a exemplo do modelo adotado pela NASA, nos Estados Unidos.
Há uma grande expectativa do setor com a criação da Visiona, uma empresa fruto da parceria público-privada entre a estatal Telebras e a privatizada Embraer.
O modelo da Visiona foi desenhado pelo ministro Marco Antônio Raupp no ano passado, quando ela presidia a Agência Espacial Brasileira (AEB), focado no desenvolvimento do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB).
Conforme acordos internacionais, o Brasil tem até 2014 para colocar o SGB em órbita.
O pesquisador do INPE afirmou temer que a nova empresa acabe importando muitos componentes e não utilize a capacitação do INPE. Contudo, há planos para a fusão entre a AEB e o INPE.
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