Círculos nas Plantações (Crop Circles) – Parte 2
Círculos nas Plantações (Crop Circles)
por Widson Porto Reis - em 01/07/02
Alguns exemplos
1.Introdução
2.O que dizem os caçadores de círculos
3.O que dizem os céticos
4.Alguns exemplos
5.Onde há dúvidas (I)
6.Onde há dúvidas (II)
7.Conclusões
A "mensagem de Chilbolton" e a "Face de Chibolton" foram as formações de maior impacto observadas até hoje, nem tanto pela complexidade, mas pelas consequências que trazem ao estudo do fenômeno. Estas duas formações apareceram em agosto de 2001 com apenas uma semana de diferença, em um campo ao lado do observatório de Chilbotlton em Hampshire.
A "Face" tem sido frequentemente comparada à "face de Marte", uma formação rochosa na superfície de Marte que devido à iluminação se assemelha a uma face humana, e que para os ufólogos seria a prova de que há ou já houve vida naquele planeta. Isto seria o bastante para deixar estupefatos os cerealogistas e ufólogos de todo o mundo, mas nem isso os preparou para o que veio uma semana depois.
Em 1974 o radiotelescópio de Arecibo em Porto Rico enviou uma mensagem de rádio em direção às estrelas na tentativa de estabelecer contato com possível vida extraterrestre. Esta mensagem, transmitida em código binário, continha várias informações sobre nossa raça como um mapa da localização da Terra no sistema solar, a estrutura em hélice do DNA humano, a população da Terra e uma imagem humana. Pois a formação descoberta nas plantações inglesas, uma semana depois da "Face" e bem ao lado dela, é uma cópia modificada daquela mensagem. Contém no lugar da figura humana, a figura humanóide de um alienígena, um DNA modificado com um hélice extra contendo silício em sua composição, um conjunto de planetas diferente do nosso e o número 21 bilhões no lugar da população da Terra. A discussão sobre o significado da mensagem, a réplica da SETI e a tréplica dos cerealogistas (esta sim, nonsense) pode ser encontrada nos links:
www.cropcircleresearch.com/articles/arecibo.html
www.seti.org/general/ao_message_crop.html
5thworld.com/Chilbolton/ChilboltonCode.html
As implicações destas duas formações são claras: uma vez que se aceita que elas não tenham sido criadas por boateiros, se é forçado a admitir uma origem alienígena abandonando as outras teorias.
A mensagem de Chibolton, a mensagem original enviada pelo programa SETI ao espaço e a face de Chibolton
Fotografia aérea mostrando as duas formações
A formação de Milk Hill com 409 círculos é provavelmente a maior, mais impressionante, mais bela e mais complexa jamais construída (o ponto preto que você NÃO consegue ver no círculo central é uma pessoa). Os cerealogistas o receberam com entusiasmo, pois acreditaram finalmente ter encontrado um círculo acima de qualquer dúvida, um que não poderia ter sido feito por homens em apenas uma noite de trabalho. Nenhum grupo assumiu sua autoria até o momento.
A curiosa história do Círculo Húngaro
Em 8 de junho de 1992 um círculo simples de apenas 36 metros foi encontrado em uma plantação de trigo numa cidade próxima à Budapeste. Ufólogos de todo o país logo chegaram à região e um especialista disse ter medidos níveis anormais de radiação no interior do círculo. Outro especialista, o ufólogo Laszlo Marnitz, deu entrevista ao jornal regional 'Kurirum' dizendo que não havia meios do círculo ter sido criado por humanos pois as plantas estavam apenas dobradas e não quebradas. Com o passar do tempo vários moradores locais relataram terem visto OVNIs e misteriosas luzes coloridas nos dias que antecederam à descoberta do círculo. Curiosos infestaram a cidade e acamparam ao redor do local da suposta aparição esperando que o OVNI retornasse; muitos se colocavam no centro do círculo esperando ser afetados por alguma "energia mágica" que o círculo pudesse possuir.
Em 3 de setembro dois jovens de 17 anos, estudantes de uma escola de agricultura, assumiram a autoria do círculo e provaram o que diziam mostrando fotos da plantação antes e depois de terem feito os círculos. Os garotos foram processados pela empresa dona do terreno que teve suas plantações destruídas pelas hordas de curiosos, mas a conta foi paga pela emissora de TV que levou ao ar o especial da história, num grande furo de reportagem.
O Círculo Húngaro é um exemplo típico do que acontece quando a ânsia em se crer no paranormal prevalece sobre o bom senso. A história toda está em www.circlemakers.org/hungary.html
Onde há dúvidas (I)
A primeira e mais óbvia questão que vem à cabeça depois do estudo do farto material existente sobre os círculos nas plantações é a seguinte: mais de vinte anos e milhares de círculos depois, como é possível ainda não haver nenhuma informação sólida sobre o assunto? Os próprios pesquisadores do tema admitem estarem praticamente no mesmo ponto em que estavam no final dos anos 70, quando os círculos começaram a ser estudados. Não seria isto suficiente para indicar que talvez os cerealogistas estejam perseguindo uma quimera e que toda a história deve ser encarada apenas como um gigantesco fenômeno artístico e social?
Por que os círculos são invariavelmente criados à noite? Afinal, das possíveis causas apresentadas pelos investigadores de círculos para sua criação: místicos, religiosos, geológicos, meteorológicos ou extraterrenos, nenhum parece necessitar da noite como catalisador (afinal, OVNIs nunca foram exclusivamente notívagos). Por outro lado seres humanos que desejam construir círculos sorrateiramente, seja para não serem descobertos pelos donos das plantações que destroem, seja para manterem o tema envolto em mistério, estes sim são favorecidos pela escuridão. Há pelo menos uma certeza: muitos círculos, incluindo os tidos como genuínos (por exemplo os "desconcertantes" círculos de Chilbolton) foram descobertos após o fim de semana, o que mostra que os ETs ou pessoas que os criaram parecem preferir a quietude dos fins de semana para trabalhar.
As primeiras formações observadas ainda durante os anos 70 eram círculos simples ou conjuntos de círculos concêntricos. Desde então os desenhos evoluíram para padrões muito mais elaborados: formas esotéricas, figuras de animais, representação de campos magnéticos, fractais e muitos outros simplesmente não classificáveis. A complexidade crescente dos círculos não seria um indicativo de que alguma evolução técnica estaria ocorrendo? E de quem se esperaria uma tal evolução? De alienígenas que logicamente dominam a tecnologia de viagem interplanetária (e que viajaram milhares de anos-luz para passar suas noites em campos de trigo), ou de seres humanos acumulando e repassando para outros o know-how adquirido com décadas de prática? Pode-se é claro alegar que a mensagem que os criadores de círculos estão enviando é que está se tornando mais complexa, à medida que nos tornamos mais preparados para interpretá-la. Mas e quanto ao fato de que os círculos feitos na Inglaterra, onde o fenômeno nasceu e onde sempre houve a esmagadora maioria das ocorrências, sempre foram os mais elaborados do mundo? Isto não corroboraria o fato de que os ingleses se especializaram em fazer círculos como os suíços em fazer relógios?
Os pesquisadores sustentam que os círculos tidos como genuínos possuem características impossíveis de serem reproduzidas por seres humanos. De fato este deve ser o ponto central em todo o estudo dos círculos, pois se os círculos genuínos realmente se diferenciam através de dados mensuráveis, como níveis de radiação e alterações biofísicas das plantas, parece bastante simples separá-los daqueles criados por grafiteiros de cereais, aventureiros, agentes da CIA, Homens de Preto ou quem quer que seja. Se este ponto fosse devidamente esclarecido, cientificamente provado, não restaria muito com que os céticos pudessem argumentar. A tarefa é até relativamente simples: bastaria recolher amostras de plantas em círculos ao redor do mundo (material não falta; surgem quase 200 círculos por ano, 150 somente na Inglaterra), distribuir as amostras de forma randômica e enviá-las para que laboratórios isentos façam as análises. Infelizmente este nunca foi o procedimento adotado.
Uma das "técnicas" mais utilizadas para a análise da genuinidade de um círculo é a radioestesia, ou "dowsing" (veja aqui uma análise mais detalhada desta pseudociência). O principal equipamento empregado na radioestesia é chamado de dowser, que pode ser um pêndulo, uma forquilha ou um par de varetas apoiadas em um suporte (exemplos). Freddy Silva, um de seus pesquisadores mais famosos, define a técnica: "dowsing é uma técnica intuitiva que emprega varas ou pêndulos para localizar áreas de energia. O sistema nervoso central sendo eletromagnético por natureza reage com o campo eletromagnético de uma área ou objeto e a força muscular é transferida para as varas. Assim, os radioestesistas são capazes de localizar quaisquer coisas que procurem, pois fundamentalmente toda matéria e espírito é um conjunto de linhas eletromagnéticas". Segundo o pesquisador este versátil instrumento possui múltiplas funções como medir a energia de chacras, encontrar água, óleo e objetos perdidos pela casa (uma espécie de canivete suíço astral). Vários pesquisadores dos círculos são também iniciados na utilização destes instrumentos (que dizem ser usados pelas grandes companhias de petróleo na procura de reservas minerais).
Usando da suspensão da descrença por um instante, imaginemos que o dowser seja um instrumento realmente válido para determinar a energia eletromagnética, ou qualquer outro tipo de energia, que alguns dos círculos possam possuir. Em seu site Freddy Silva afirma que a precisão das medidas feitas com este aparelho está sujeita à fé da pessoa que o opera. Diz Silva: "quando uma pessoa se aproxima de um círculo com um sentimento profundo de que ele é real, surpreendentemente o dowser reage a esta crença". Ainda segundo Silva um círculo falso não possui energia detectável por um dowser, "exceto aqueles onde um grupo de pessoas tenha meditado dentro".
Agora, qual é exatamente o valor científico de uma medida feita com um instrumento cujos resultados podem ser diferentes de acordo com a pessoa que o opera ou de acordo com a fé da pessoa no instante que o opera? E que podem ser mascarados caso um grupo de pessoas tenha meditado anteriormente no local da medição?
Algumas vezes métodos ainda mais subjetivos são citados: segundo um pesquisador, os círculos "genuínos", feitos por quem quer que seja, possuem um diferencial estético, "algo que você percebe quando o vê, mas que não pode ser explicado pois toca cada pessoa diferentemente. Algo que tem a ver com proporção e balanço, clareza e precisão e a habilidade de comunicar a um nível que transcende a maravilha." Marcus Allen (The Sussex Circular #33, September, 1994 disponível em www.greatdreams.com)
Os cerealogistas divergem sobre qual a parcela dentre todos os círculos é genuína. Nancy Talbot diz que mais de 90% são genuínos, enquanto Colin Andrews conclui, após uma década de estudo, que 80% são criados por homens. Ou seja, dado um círculo é muito provável que um estudioso o classifique como "genuíno" e outro como "falso". Isto não indica que os próprios pesquisadores estão sem parâmetros para julgar quando um círculo é feito por homens ou não?
Como dissemos, sempre temos o cuidado de ao menos tentar destilar o caldo dos estudiosos retirando dele os charlatães descarados, mas mesmo das fileiras dos pesquisadores ditos sérios vêm argumentos insólitos; Lucy Pringle, que estuda o fenômeno há pelo menos uma década, diz que "uma amiga colocou seu gato no centro do círculo e este parecia sentir que havia algo extraordinário". Outra hora diz que mulheres grávidas devem evitar os círculos pois eles podem causar partos precoces (Por sinal o site desta pesquisadora é lugar certo para se comprar bugigangas relacionadas aos círculos, como posters, calendários e pingentes).
Nem tudo, no entanto, é tão subjetivo no estudo dos círculos. Existem pelo menos (na verdade foram todos que conseguimos localizar) três artigos publicados com ao menos um verniz científico. O primeiro é o estudo de um certo BLT Research Team (onde BLT não é a inicial de algum centro de pesquisa como você poderia esperar, mas a inicial dos pesquisadores - Jonh A. Burke, Nancy Talbot e Dr. W.C. Levengood) mostrando que, em laboratório, plantas retiradas de dentro dos círculos cresceram mais do que aquelas retiradas de fora deles. A conclusão dos pesquisadores é a seguinte: "Estas mudanças físicas amplamente documentadas sofridas pelas plantas (arroz, milho,etc.) nas formações ao redor do mundo sugerem o envolvimento de complexos e intensos sistemas de energia de plasma operando sob condições de caos determinístico". O que isso quer dizer exatamente foge ao nosso conhecimento.
Infelizmente não se pôde averiguar no site do BLT Research qual a formação dos autores (à exceção de um dos deles, biofísico), e embora eles apregoem utilizar técnicas de microscopia eletrônica, EDX, espectrometria de massa, difração de raios-x e outros, tudo o que é mostrado são plantas em diferentes estágios de crescimento. Embora seja uma experiência válida, ela poderia ser reproduzida por qualquer pessoa com talentos medianos de jardinagem e parece muito pequena para um "time" de pesquisadores. O BLT Research Team diz, no entanto, que estes resultados são apenas o "ápice da pirâmide" e oferece um dossiê completo com os resultados de suas investigações caso se envie US$ 20 e um envelope selado para Nancy Talbott, Box 127, Cambridge, Massachusetts 02140 (apesar de não se considerarem uma organização com fins lucrativos). Como não enviamos os US$ 20, não pudemos julgar o estudo por completo.
O segundo estudo existente é do Dr. Hasselhoff, PHD em física. Autor do elogiado livro "Crop Circles", Dr Hasselhoff procura dar o enfoque mais racional possível ao fenômeno. Infelizmente nos parece que neste caso "o mais racional possível" não é o suficiente. Veja duas de suas respostas às perguntas postadas em seu site www.dcocc.com:
"Boa pergunta. Porque há tantos pinguins no polo sul e não em outros lugares?"
Parte de sua resposta à pergunta: "Por quê há tantos círculos na Inglaterra?
"Mesmo não conhecendo a origem dos círculos fica claro que 'Os Sinais sobre a Terra' chegaram. Isto deveria fazer qualquer um pensar duas vezes antes de dispensar o assunto como algo sem importância".
Quando perguntaram-lhe se os círculos poderiam ser a confirmação dos "sinais sobre a Terra" previstos no livro do Apocalipse, que antecederiam à segunda vinda de Cristo.
O julgamento fica por conta do leitor.
De qualquer maneira seu estudo conclui que as bolas de luz normalmente associadas ao surgimento dos círculos podem ser as causadoras das alterações biofísicas sofridas pelas plantas. A natureza destas alterações e sua distribuição nos círculos a que se refere o Dr. Hasselhof são as relatadas no trabalho do Dr. Levengood (o "L" do BLT Resesarch) que por sua vez foi criticado pela comunidade científica por não ter conduzido seus experimentos de maneira totalmente imparcial. Ou seja, o trabalho do Dr. Hasselhoff está apoiado em resultados controversos.
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