Radiação diminui toxicidade de substâncias descartadas
Meio ambiente
Com informações da Agência USP - 21/05/2012
Acelerador de elétrons do IPEN, onde as amostras recolhidas na região de Salto (SP) foram tratadas com radiação.[Imagem: IPEN]
Radiação contra o lixo
Usar a radiação nuclear para diminuir impactos ambientais parece uma afirmação estranha à primeira vista.
Afinal, a energia nuclear está quase envolvida em situações na qual ela própria produz o impacto ambiental.
Mas o biólogo Dymes Rafael Alves do Santos comprovou que a radiação nuclear pode neutralizar compostos químicos danosos ao meio ambiente, que são lançados nos rios porque os tratamentos convencionais não conseguem eliminá-los.
Medicamentos e sabões
Em sua pesquisa realizada no IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), Dymes estudou a chamada ecotoxicologia do medicamento cloridrato de fluoxetina e do surfactante DSS (dodecil sulfato de sódio).
O cloridrato de fluoxetina é o princípio ativo de um dos antidepressivos mais prescritos atualmente, enquanto o DSS é uma substância que garante propriedades detergentes a produtos de higiene e limpeza.
Os dois compostos foram escolhidas porque são resistentes ao tratamento comumente empregado nas estações de tratamento de efluentes (ETE) e também pelas estações de tratamento de água (ETA).
O pesquisador usou então um acelerador de partículas que emite um feixe de elétrons para irradiar soluções contendo diferentes concentrações de uma ou das duas substâncias.
Uso mundial
Os resultados demonstraram que, depois da aplicação da radiação ionizante, as amostras se mostravam menos tóxicas para os microrganismos, com uma redução na concentração das moléculas, degradadas pelo tratamento nuclear.
O biólogo conta que, na Coreia do Sul, já se utiliza este método para tratar água e reaproveitá-la em irrigações.
Nos EUA já está em desenvolvimento um acelerador de partículas móvel para aumentar a viabilidade e o alcance desta tecnologia.
A aplicação da energia nuclear para diminuir o impacto ambiental no descarte de substâncias químicas que podem ser perigosas ao meio ambiente melhoraria a qualidade da água desprezada em redes fluviais, segundo o pesquisador.
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