Nuvem espacial será engolida por buraco negro
Espaço
Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/12/2011
Simulação de como a nuvem de gás e poeira poderá se esfacelar ao longo dos próximos anos, conforme se aproxima do buraco negro no centro da Via Láctea.[Imagem: ESO/MPE/Marc Schartmann]
Algodão-doce de buraco negro
Astrônomos descobriram uma nuvem de gás, com várias vezes a massa da Terra, aproximando-se rapidamente do seu destino final: ser engolida pelo buraco negro situado no centro da Via Láctea.
Esta é a primeira vez que uma nuvem "condenada" é observada aproximando-se para ser engolida por um buraco negro supermassivo.
Segundo a equipe do Reinhard Genzel, do Instituto Max Planck, na Alemanha, a velocidade deste objeto praticamente dobrou nos últimos sete anos, atingindo mais de 8 milhões de km/hora.
Seu grupo tem um programa de pesquisas que planeja observar o buraco negro massivo no centro da nossa galáxia durante 20 anos, usando os telescópios do ESO (Observatório Europeu do Sul).
Nuvem passageira
A nuvem condenada está em uma órbita muito alongada.
Em meados de 2013, ela passará a uma distância de apenas 40 bilhões de quilômetros do horizonte de eventos do buraco negro.
Isto corresponde a cerca de 36 horas-luz, um pouco mais do que a distância entre o Sol e Júpiter, um "raspão" em termos astronômicos.
A nuvem é muito mais fria do que as estrelas à sua volta e é essencialmente composta de hidrogênio e hélio. Ela é formada por poeira e gás ionizado, com uma massa de cerca de três vezes a da Terra.
A nuvem brilha sob a intensa radiação ultravioleta emitida por estrelas quentes, que se encontram em seu redor no coração superlotado da Via Láctea.
A atual densidade da nuvem é muito maior do que a densidade do gás quente que rodeia o buraco negro. No entanto, à medida que ela se aproxima do "monstro esfomeado", a pressão externa vai aumentando, comprimindo a nuvem.
Ao mesmo tempo, a grande força gravitacional do buraco negro, que tem uma massa quatro milhões de vezes maior que a do Sol, continuará a sugá-la, esticando-a ao longo da sua órbita.
"A imagem de um astronauta, próximo de um buraco negro, sendo esticado até ficar parecido com um espaguete, é bastante comum na ficção científica. Mas agora podemos efetivamente ver isso acontecendo à nova nuvem, que não vai sobreviver à experiência," explica Stefan Gillesseen, autor principal do artigo científico que descreve os resultados e que será publicado no mês de Janeiro na revista Nature.
Refeição de buraco negro
As bordas da nuvem já começaram a rasgar-se e espera-se que a nuvem se desfaça completamente em pedaços nos próximos anos. Os astrônomos detectaram sinais claros do aumento da perturbação no período de 2008 a 2011.
Espera-se também que o material se torne muito mais quente à medida que se aproximar do buraco negro, em 2013, e comece a emitir raios X. Atualmente existe pouco material próximo do buraco negro, por isso a refeição recém-chegada será o combustível dominante do buraco negro durante os próximos anos.
Uma explicação para a formação da nuvem é que o material que a compõe possa ter vindo de estrelas jovens de grande massa que se encontram nas proximidades e que perdem massa muito rapidamente devido a ventos estelares. Estrelas deste tipo sopram literalmente o seu gás para o exterior.
A colisão de ventos estelares de uma estrela dupla conhecida que orbita em torno do buraco negro central pode ter levado à formação da nuvem.
"Os próximos dois anos serão muito interessantes e deverão trazer-nos informação extremamente valiosa sobre o comportamento da matéria em torno destes objetos massivos tão extraordinários," conclui Reinhard Genzel.
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