Como funciona a TV digital
Como funciona a TV digital – Parte 1
por Marshall Brain - traduzido por HowStuffWorks Brasil
1 - Introdução
Se você procurou recentemente por aparelhos de televisão nas grandes lojas de varejo de produtos eletrônicos, sabe que a TV digital, ou DTV, é o negócio do momento. A maioria das lojas dedica parte de sua área de televisores para os aparelhos de TV Digital, num movimento antecedido primeiro pelas TVs de tela plana, depois pelas Wide Screen e depois pelas TVs de Plasma e LCD.
A menos que você faça parte do pequeno grupo de pessoas que já adquiriu um aparelho de DTV, o que você tem em sua sala de estar é uma TV analógica normal que parece funcionar muito bem, apesar de toda essa agitação.
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A maioria das pessoas, confrontada com esse nível de proliferação de produtos, somente pode perguntar: "Afinal, o que está acontecendo?!".
Neste artigo, vamos explorar o mundo da televisão digital para que você possa entender exatamente o que está acontecendo nesse meio.
Com Editores do HowStuffWorks Brasil
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2 - A TV Digital no Brasil
No Brasil, a estréia da TV Digital ocorreu em 2 de dezembro de 2007, após muita polêmica em torno da tecnologia de transmissão que seria adotada: européia, americana ou japonesa. Em 2000, quando estava tudo certo para a escolha do modelo americano, o governo cogitou um padrão próprio, que implicaria o desenvolvimento no país de uma tecnologia de transmissão de sinal digital, exatamente como aconteceu com o sitema Pal-M para vídeo VHS.
Diante de vários problemas, de muito lobby e do atraso do início das transmissões que a escolha por um padrão próprio acarretaria, optou-se por analisar e testar os três modelos novamente. Quase seis anos depois de iniciadas as discussões sobre a TV Digital, em 29 de junho de 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto regulamentando a escolha do padrão japonês para a TV digital brasileira. Na prática, isso quer dizer que a TV digital no país é compatível com a tecnologia atualmente utilizada no Japão.
As transmissões do sinal digital começaram por São Paulo, e vão ser estendidas para o resto do país progressivamente (veja quadro abaixo). Os conversores (também chamados de set-top boxes) que permitem aos televisores receber esses sinais digitais podem ser encontrados em lojas de eletrodomésticos e eletrônicos, bem como os televisores preparados para a TV digital -geralmente essas TVs vêm identificadas com o selo "HD Ready". O governo brasileiro espera que, até dezembro de 2016, a TV digital substitua a TV analógica no país. Assim como nos EUA, quando isso acontecer, toda a transmissão analógica será interrompida e será necessário ter um conversor ou um televisor compatível com o sistema para poder assistir aos programas de tevê favoritos. As emissoras de televisão devem ter os equipamentos apropriados para transmitir os sinais e os consumidores devem ter os aparelhos de TV para receber tais sinais.
Calendário da TV Digital no país
2006 | 29 de junho: Governo decide adotar padrão japonês para a TV Digital |
2007 | Julho: começam a ser vendidos os primeiros conversores de sinal analógico-digital 2 de dezembro: começam as transmissões do sinal digital para a Grande São Paulo |
2010 | Primeiro semestre: Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro começam a receber o sinal digital Segundo semestre: Salvador e Fortaleza |
2011 | O sinal digital passa a ser obrigatório em todas as capitais |
A TV Digital nos EUA
A FCC (Federal Communications Commission) estabeleceu 17 de fevereiro de 2009 o prazo final para a transição do sistema analógico para o digital. Mas o prazo foi prorrogado, e o país passou para o digital dois meses depois, quando toda a transmissão analógica foi interrompida e os consumidores necessitaram de caixas conversoras para receber a programação em suas TVs antigas. Este prazo final foi postergado várias vezes nos últimos anos, tendo em vista a incapacidade de emissoras e consumidores em atender aos critérios da FCC para uma transmissão bem sucedida.
Na próxima página, você vai saber um pouco mais sobre a TV analógica.
3 - Entendendo a TV analógica
Para entender a TV digital, é útil entender a TV analógica para que você possa ver as diferenças (se você leu Como funciona a televisão, então sabe como a TV analógica funciona e poderá querer pular esta seção). Ela fornece um rápido resumo sobre o funcionamento da TV analógica.
Informações básicas
O padrão de TV analógica é utilizado nos Estados Unidos há cerca de 50 anos. Para repassar rapidamente, aqui estão os fundamentos da transmissão de televisão analógica:
- uma câmera de vídeo obtém uma imagem de uma cena. Isso ocorre a uma taxa de 30 quadros por segundo;
- a câmera rasteriza a cena. Ou seja, a câmera transforma a imagem em fileiras de pontos individuais chamados pixels. Para cada pixel é designada uma cor e uma intensidade;
- as fileiras de pixels são combinadas com sinais de sincronização, chamados sinais de sincronismo horizontal e sincronismo vertical, de modo que a eletrônica no interior do aparelho de TV saberá como exibir as fileiras de pixels.
Esse sinal final, que contém a cor e a intensidade de cada pixel em um conjunto de fileiras, junto com os sinais de sincronismo horizontal e vertical, é chamado de sinal de vídeo composto. O som é completamente independente. Quando você olha na parte posterior de seu vídeo cassete e vê o plugue amarelo, esse é o plugue do vídeo composto. O som pode ser um plugue branco (nos vídeo cassetes que não lidam com som estéreo) ou um plugue vermelho e um plugue branco (em vídeo cassetes estéreo).
Há uma série de coisas diferentes que você pode fazer com um sinal de vídeo composto e um sinal de som. Aqui estão algumas:
- você pode transmiti-los como ondas de rádio. Quando você conecta uma antena interna para melhorar a imagem de seu aparelho de TV e capta as estações locais de graça, está recebendo a transmissão de televisão proveniente das estações locais de TV;
- você pode gravá-los em um vídeo cassete;
- você pode transmiti-los por meio de um sistema de TV a cabo junto com centenas de outros sinais compostos.
Muitos tipos diferentes de equipamentos compreendem os sinais de vídeo composto.
Transmitindo um sinal de TV
Quando um sinal de vídeo composto é transmitido por meio de ondas aéreas por uma estação de TV, isso acontece em uma freqüência específica. Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, essas freqüências são os conhecidos canais 2 a 13 em VHF e 14 a 83 em UHF.
O sinal de vídeo composto é transmitido como um sinal AM (de amplitude modulada) e o som, como um sinal FM (de freqüência modulada) nesses canais. Veja Como funciona a televisão para detalhes sobre a transmissão e Como funciona o rádio para detalhes sobre AM e FM. A FCC (agência federal que controla as telecomunicações nos EUA) reservou três bandas de freqüências no espectro de rádio, divididas em faixas de 6 MHz, para acomodar esses canais de TV:
- 54 a 88 MHz para os canais 2 a 6
- 174 a 216 MHz para os canais 7 a 13
- 470 a 890 MHz para os canais UHF 14 a 83
Veja Como funciona o rádio para detalhes.
Quando seu vídeo cassete quer exibir seu sinal em uma TV analógica normal, ele pega o sinal de vídeo composto e o sinal de som da fita e então modula esses sinais em uma portadora de 60 MHz (canal 3) ou 66 MHz (canal 4), similar ao que uma estação de TV faria. Entretanto, em vez de transmiti-lo, o vídeo cassete envia o sinal direto para a TV. Um receptor de cabo ou de satélite faz a mesma coisa.
Hoje se fala muito em "sistemas de satélite digital" e "sistemas de cabo digital", mas eles não são a DTV. Esses aparelhos conversores recebem um sinal digital do satélite ou cabo. Entretanto, assim que é recebido, o sinal é convertido em um sinal analógico e enviado para sua TV analógica no canal 3 ou 4. Essa não é a verdadeira "televisão digital": é um sinal de vídeo composto normal para televisão analógica convertido em um formato digital para transmissão e, em seguida, convertido novamente para analógico para exibição.
A verdadeira TV digital, por outro lado, é completamente digital e envolve:
- câmeras digitais funcionando com uma resolução muito maior do que as câmeras analógicas;
- transmissão digital;
- exibição digital com uma resolução muito maior.
Na próxima seção você poderá ver a diferença na resolução.
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