CRENÇA V – POSTULADOS BÍBLICOS
A GÊNESE II
Como se pode depreender de uma interpretação racional, surgem aí, logo nos capítulos iniciais da Gênese, as primeiras afirmações contrárias aos atributos da Divindade de Deus, quando se lhe conferem deficiências inerentes ao homem, tais como: iludir, quando diz para o homem não provar do fruto da árvore da ciência do bem e do mal para que não morressem e mentir, ao ser contradito pela astuciosa serpente que os fez ver que foram enganados, porque não morreram e ainda por cima despertaram de uma espécie hipnose induzida, descobrindo sua nudez, conforme Gn 3: 1-7.
Agora eu pergunto: Por que a serpente teria se rebelado contra o seu próprio criador a ponto de desmenti-lo. Teria sido ela também orientada a não provar do fruto proibido antes do homem? Por que ela, cujos descendentes são animais irracionais, detinha tanto saber, comparada com o homem recém formado? São apenas conjeturas e nunca poderemos matar a curiosidade de conhecer o que de fato aconteceu, se é que aconteceu e foi mais ou menos assim.
Lá mais na frente, quando a serpente, Adão e sua mulher receberam o castigo pela infração cometida, encontramos no cap 3,vers. 21, o seguinte: “O Senhor Deus fez para Adão e sua mulher umas vestes de peles, e os vestiu”. Mas, pele de quê, se não temos notícia que algum bicho tenha sido sacrificado mesmo para a alimentação do homem e até porque este não tinha ainda uma consciência livre. Há poucos dias da criação não dava tempo para que a bicharada se multiplicasse, a não ser que logo no princípio das coisas alguém quisesse extinguir espécies animais.
Ainda no cap. 3, vemos no versículo 22 o seguinte enunciado:
“E o Senhor Deus disse: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal. Agora, pois, cuidemos que ele não estenda a sua mão e tome também do fruto da árvore da vida, e o coma, e viva eternamente.” (*)
Ora, já não era mais um deus único, pois, este se dirigia a outro ou outros deuses, conforme se vê no texto acima, com o uso do pronome na segunda pessoa do plural.
A árvore colocada no centro do jardim não era a única que tinha poderes extraordinários; eram duas: a árvore da vida e a árvore da ciência do bem e do mal. (Gn 2:9; 3:24). Entretanto, se talvez o homem tivesse acidentalmente comido do fruto dessa outra árvore seria igual a um deus de acordo com o mesmo versículo e somente após este episódio, Deus, segundo o próprio texto, tomou as providências quanto à preservação da outra, agora guarnecida por Querubins armados, demonstrando ser um deus descuidado visto que não havia admoestado o homem a respeito.
Vejamos agora o surgimento da primeira família de que se tem notícia, embasados nos textos sagrados.
O primogênito, no Antigo Testamento, era o herdeiro natural da bênção do pai. Era, por assim dizer, o preferido, o privilegiado. Porém, no caso de Caim que foi o primeiro rebento do casal Adão e Eva, apesar disto, o Senhor o preteriu em favor de Abel que lhe ofereceu oblação mais agradável. Quer dizer, houve uma espécie de discriminação por parte do Senhor, partindo do pressuposto de que todos os humanos são iguais aos Seus Olhos.
Outra incongruência ainda mais desconcertante no capítulo 4, nos versículos 11-17 (onze a dezessete), quando Deus chama Caim à prestar contas de seu irmão recém assassinado, este reclama do seu castigo demasiado severo, porque foi expulso e amaldiçoado, condenado a viver errante sobre a terra e temia ser assassinado por quem primeiro o encontrasse.
“Mas o Senhor lhe disse: “Não! Mas aquele que matar Caim será punido sete vezes”. O Senhor pôs em Caim um sinal, para que, se alguém o encontrasse, não o matasse”. (Gn 4:15) Mas quem iria matá-lo, se somente existiam ele, sua mãe e seu pai? Por que o medo?
Após este episódio Caim retirou-se e foi habitar a região de Nod, ao norte do jardim do Éden, onde conheceu sua mulher, (possivelmente uma macaca, se levarmos em consideração a interpretação literal) e com ela gerou Henoc. Daí para frente nada interessa ao nosso estudo até o final do capítulo, a não ser o fato de que Deus criou dois seres cuja espécie já existia em abundância na Terra, o que nos dá elementos para afirmar que: o sistema está errado ou foi modificado por alguém; ou pode ainda ter sido mal traduzido; pode também haver sido copiado da tradição de um povo qualquer da antiguidade e, acredito ser esta a hipótese mais provável.
(*) Quanto à questão, poder-se-ia argumentar afirmando tratar-se das três pessoas da Santíssima Trindade, Pai, filho e Espírito Santo, para justificar a referência que o Criador faz quando articula o pronome “Nós”. Entretanto, é do conhecimento de todos os estudiosos do assunto, que A Santíssima Trindade é um dogma da Igreja Católica que o instituiu oficialmente em sua doutrina por ocasião do II Concílio Ecumênico Católico de Constantinopla (Bizâncio), sendo este o primeiro a se realizar nesta cidade, no papado de São Dâmaso I, que não esteve presente no evento, mas que o aprovou em seguida.
Fonte: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Conc%C3%ADlios_ecum%C3%A9nicos
“2º São Dâmaso I Constantinopla I Maio a Julho de 381 - A divindade do Espírito Santo - Wikipédia.
2º Concílio de Constantinopla I (381)
Após a controvérsia sobre a divindade do Logos, os cristãos se voltaram para a do Espírito Santo: houve quem professasse ser o Espírito Santo mera criatura. O arauto principal desta tese foi Macedônio, bispo de Constantinopla; donde o nome de Macedonismo ou Pneumatomaquismo que Ihe foi dado. O lmperador Teodósio (379-395), zeloso da reta fé, houve por bem convocar novo Concílio Ecumênico desta vez para Constantinopla. Esta assembléia reuniu-se de maio a julho de 381. Firmou três decisões principais:
1) O Espírito Santo é Deus, da mesma substância que o Pai e o Filho. Em conseqüência, o Símbolo de fé Niceno foi completado com as palavras:
“Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, que é adorado e glorificado com o Pai e o Filho e que falou pelos Profetas”.
2) Foram condenados todos os defensores do arianismo sob qualquer das suas modalidades.
3) A sede de Constantinopla ou Bizâncio foi atribuída uma preeminência sobre as demais logo após a de Roma, pois Bizâncio era considerada “a segunda Roma”.
O Concílio de Constantinopla I não contou com a presença do Papa ou de algum legado deste. Todavia foi reconhecido explicitamente pela Sé de Roma a partir do século VI, no que concerne às suas proposições de fé (divindade do Filho e do Espírito Santo).”
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