LADRÕES DE CLASSE

Aos meus leitores peço não me levem a mal se me expressar de modo um tanto quanto extravagante, mas, temos que reconhecer o grau de inteligência de que são possuidores alguns criminosos brasileiros, principalmente os nativos daqui do Ceará, que se tivessem seus dotes aperfeiçoados e direcionados para o bons propósitos, poderiam fazer muito em favor dos seus semelhantes.

Vejamos os casos dos furtos ao Banco Central de Fortaleza e Banco do Brasil de Quixadá. Nunca, em nossa história, deixou de haver roubos e furtos, os mais espetaculares e inimagináveis, matéria farta para abastecer os noticiários da media e tema para boas películas policias. Entretanto, a saga, a esperteza, o modus operandi desses artífices do crime, denotam a existência de uma inteligência supina na elaboração de todo o projeto do assalto que, para desgosto de muitos projetistas trapalhões, funciona com a precisão de um relógio suíço em seus mínimos detalhes.

Tais elementos se presos e condenados mereciam, na minha ótica, uma pena mínima, porque não mataram ou feriram ninguém; não deixaram crianças órfãs; não causaram pânico, não tomaram de assalto; ninguém foi vítima de bala perdida; não deram um só tiro. Além do mais, tiraram de quem tem e tem de sobra. Não espoliaram um só vivente, não desviaram dinheiro da merenda escolar, do SUS, de nenhum programa social do governo, etc., e é perfeitamente possível que entre eles existam pessoas melhores do que muitos que estão atuando no cenário político brasileiro.

Pode até parecer pueril o que vou afirmar, mas, se os criminosos cearenses especializados em escavações de túneis fossem empregados nos serviços de escavação do metrô de Fortaleza, fariam o trabalho com muita propriedade por ser esta sua segunda especialidade e que com certeza, sairia em tempo recorde, se trocados, como se faz em alguns casos, dias de serviço por uma redução da pena. Todos sairiam ganhando: o Estado, por economizar com os gastos referentes ao preso e com o emprego de máquinas sofisticadas e caras; a sociedade que é quem banca todas as despesas e o próprio detento.

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