A GÊNESE
Continuando o nosso estudo sobre as crenças e dissertando (discorrendo) um pouco mais sobre alguns postulados bíblicos, analisemos agora o surgimento do homem na Terra, de acordo com o que todo mundo cristão adota e aceita de modo inconteste.
O homem extremamente orgulhoso que é, quis, por sua vontade, ser o privilegiado da criação, e por sua vez, criou um deus à sua imagem e semelhança, cheio de todos os defeitos que lhe são apanágio. Um deus ciumento e irascível, pleno de todas as imperfeições humanas, como veremos a seguir.
A Gênese, o primeiro livro do Pentateuco (conjunto dos cinco primeiros livros iniciais da Bíblia Sagrada), inicia com a descrição das origens da criação, oportunidade em que Deus criou toda sua obra e descansou ao 7º dia. Mas, eis que, depois de haver criado tudo e inclusive o homem e a sua companheira, e haver ordenado que estes crescessem e se multiplicassem e se assenhoreassem de tudo que estava sob as águas, sobre a terra e nos céus, conforme descreve o cap. 1, ver. 28, o Todo Poderoso desce à Terra para mais uma vez modelar o homem do limo, plasmando um corpo de dupla constituição, carne e alma.
Até aí tudo bem, Deus é o Criador e Senhor de tudo que existe e pode fazer o que bem lhe aprouver, do jeito que mais lhe agrade. O que não dá para aceitar sem questionamento, embora aceitemos axiomaticamente, é o fato de que Deus, contando com um incontável número de prepostos como anjos, arcanjos, serafins, querubins, santos, etc., tenha descido do seu “Trono” à Terra recém formada para, como um simples oleiro, sujar as suas divinas mãos com o limo impuro, quando poderia determinar que um de seus auxiliares o fizessem ou mesmo dizer um simples “faça-se”, a exemplo do que aconteceu com o restante da criação.
A própria ciência humana já é capaz de suscitar outro ser com apenas uma ou duas células como já foi demonstrado com experiências de clonagem. E a respeito do assunto, existem registros no Livro Perdido de Enki, de Zecharia Sitchin, obra que descreve a criação humana como sendo objeto de experiências genéticas com macacos terrícolas por seres oriundos de um planeta distante, possivelmente do mesmo sistema solar.
Mas, continuando a nossa avaliação, vemos no capítulo 2, versículos 8, 9, 16 e 17, agora um deus lavrador, pois, plantou um jardim onde colocou o homem como seu guardião. E, dentre todas as árvores frutíferas havia uma proibida a este que, se do seu fruto provasse teria a ciência do bem e do mal e em conseqüência, conheceria a morte. Ou seja, por tal decreto, era vedado ao homem o direito de se instruir e progredir, fadado à ignorância perpétua, não fora a sua transgressão consumada por instância da mulher que acedeu à astuciosa exortação da serpente, uma assertiva que a razão não pode aceitar por ferir a concepção de um verdadeiro Deus repleno de todas as perfeições, de ciências, virtudes e poderes superlativos.
Pelo que se depreende, havia um ser dotado de mais inteligência que o próprio homem, apesar de haver sido criado há bem pouco tempo, quiçá na mesma data que o este. Outra coisa que não dá para conciliar é por que Deus não teria feito a mulher quando da confecção do homem, do mesmo barro; por que ter o trabalho de fazer adormecer o homem para tirar dele uma costela e dela modelar uma mulher?
Um relato fantasioso digno das mais belas ficções ou contos de fadas, que, para a época em que foi escrito e para o povo rude e atrasado de então, até que se justifica. Porém, para a nossa época, milhares de anos depois dos escritos bíblicos originais, estes mesmos textos não têm o mesmo significado dado em sua origem, a não ser como alegoria, salvo se quisermos estacionar no tempo.
E hoje, certamente melhor que antes, somos capazes de entender certas nuances da história bíblica, pois, com a ajuda da arqueologia e da exegese, os registros históricos descobertos em escavações e em outros achados casuais em diversas partes, como em Nag Hammadi, uma aldeia egípcia onde foram encontrados, em 1945, um conjunto de manuscritos que ficaram conhecidos como “biblioteca de Nag Hammadi”, contendo textos do antigo gnosticismo, afloram como que a mostrar evidências de que os nossos conhecimentos sacros estão incompletos, deturpados ou equivocados.
Deus havia gerado dois entes imperfeitos de tal modo que nem se davam conta de estarem nus. Um contrasenso, levando-se em consideração que haviam sido ordenados a crescer e a se multiplicar; como, pois, poderiam obedecer tal ordem sem o conhecimento pleno da sua potencialidade reprodutiva? Sem experimentaram o sexo, já que nem mesmo desconfiavam da sua simples nudez?
Vimos neste capítulo inicial da Gênese que Deus aposentou-se cedo demais; bem mais cedo do que os nossos políticos. Querem talvez, nos fazer crer que desde então Ele não criou mais nada. Entretanto a ciência humana, embora muito elementar, é capaz de provar o contrário: novas espécies animais e vegetais, vírus, bactérias, mundos em formação, etc., são descobertos, o que prova ser a criação uma obra continua, que Deus cria a todo instante.